China lançará trem de 450 km/h em 2026 e encurtará viagens entre grandes cidades

Novo modelo não exige mudança de infraestrutura; rede de alta velocidade alcança 48 mil km, 70% do total mundial

À esquerda, o novo trem de alta velocidade em desenvolvimento na China, CR450, ao lado de modelos anteriores, em Pequim, em 9 de julho de 2025 – Foto: Nelson de Sá/Folhapress

A China planeja iniciar a operação comercial do CR450 em 2026, um trem projetado para atingir uma velocidade máxima de 450 km/h e uma média de 400 km/h. Essa informação foi divulgada por Wang Lei, projetista-chefe da CRRC Changchun, uma divisão da CRRC, a maior fabricante mundial de trens, durante o congresso mundial do setor realizado na semana passada em Pequim.

O desenvolvimento do CR450 começou há sete anos, com o objetivo de aprimorar e inovar em relação aos atuais modelos CR400, que alcançam 400 km/h de velocidade máxima e 350 km/h de média. Dois protótipos, CR450AF e CR450BF, de subsidiárias distintas da estatal chinesa, foram apresentados.

Wang Lei estima que uma viagem entre Pequim e Xangai, a principal linha ferroviária do país, passará a durar pouco mais de três horas, em comparação com as atuais quatro horas e 18 minutos no trajeto com menos paradas. Uma vantagem significativa é que o novo trem não exige a troca dos trilhos atuais.

A China possui a maior rede de ferrovias de alta velocidade do mundo, com 48 mil quilômetros no final do ano passado, representando 70% do total global. A projeção é atingir 50 mil quilômetros até o final deste ano, com mais de 10 mil quilômetros adicionados apenas nos últimos cinco anos.

Li Yongheng, diretor de tecnologia de equipamentos do Ministério da Ciência e Tecnologia da Informação, destacou avanços como a maior segurança estrutural do CR450 e uma menor distância de frenagem em alta velocidade. Houve também uma diminuição de cerca de 10% no peso do trem e de 20% no consumo de energia. Apesar da velocidade média superior, o ruído interno foi mantido no mesmo nível do CR400, graças a um redesenho estrutural dos vagões e ao uso de materiais de redução de barulho.

Os protótipos concluíram seis meses de testes nas linhas de Pequim e Wuyi e agora seguirão para uma nova fase, onde cada um deverá completar 600 mil quilômetros.

Trens que “Voam”: a promessa dos Maglev

Na exposição em Pequim, outros dois protótipos chineses, ainda sem nome e sem prazo para operação, disputaram a atenção com o CR450AF e o CR450BF. Esses são trens Maglev (levitação magnética), que exigem infraestrutura própria e que, no caso dos protótipos da CRRC, teriam alcançado uma velocidade máxima de 600 km/h, superando a velocidade de decolagem de jatos comerciais.

Segundo Shao Nan, engenheiro sênior da CRRC Changchun, esses trens Maglev ocuparão um nicho de mercado entre os trens de alta velocidade e a aviação comercial, conectando cidades separadas por até 2.000 quilômetros. Em uma viagem entre Pequim e Xangai, por exemplo, o tempo seria reduzido para duas horas e meia.

Shao Nan não forneceu um prazo para a entrada em operação comercial desses modelos. Ele ressaltou que esses novos protótipos não devem ser confundidos com os trens Maglev já em uso demonstrativo no país (com velocidade menor) nem com o projeto “hyperloop”, que visa alcançar 1.000 km/h, mas ainda está em fase mais distante de desenvolvimento.

Estratégia global e cooperação internacional

A rede chinesa de trens de alta velocidade e seus novos modelos foram apresentados no congresso mundial do setor como trunfos na estratégia do país para atrair vizinhos e outros clientes pelo mundo. Entre os destaques estrangeiros presentes estavam autoridades do Uzbequistão, Quirguistão, Indonésia, Laos, Mongólia e Arábia Saudita. Embora o Brasil já tenha projetado uma linha de trem-bala entre São Paulo e Rio, o país não foi mencionado no evento.

O vice-primeiro-ministro chinês, Zhang Guoqing, abriu o congresso enfatizando “o fortalecimento da cooperação”, prometendo “compartilhar os avanços” e “posicionar as ferrovias de alta velocidade como infraestrutura chave na construção da Iniciativa Cinturão e Rota“.

Um ponto de destaque foi o protagonismo do Banco de Exportação e Importação da China (Cexim). Seu executivo-chefe de risco, responsável pela aprovação de projetos da Iniciativa, ressaltou o financiamento de 4.000 quilômetros de ferrovias de velocidade comum fora da China, em países como Hungria (União Europeia), Bangladesh (Sul da Ásia) e Quênia (África).

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/07/trem-chines-de-450-kmh-entra-em-operacao-no-ano-que-vem.shtml

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