Cenário eleitoral indica dificuldades para Flávio Bolsonaro, mas ainda há caminhos até 2026

Flávio Bolsonaro – Foto: Hugo Barreto/Metrópoles @hugobarretophoto

Análises de cientistas políticos, reações do mercado e dados de pesquisas eleitorais traçam, neste momento, um cenário amplamente desfavorável para uma eventual candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República. A rejeição elevada, a baixa competitividade em simulações de segundo turno e a resistência de setores do centro político colocam obstáculos relevantes ao seu projeto eleitoral.

Apesar disso, o período até a eleição de 2026 ainda é extenso, e especialistas apontam que existem estratégias que poderiam ser exploradas para tentar reverter — ao menos parcialmente — esse quadro adverso.

Os principais fatores de risco da pré-candidatura

Hoje, Flávio Bolsonaro enfrenta entraves estruturais que limitam sua viabilidade eleitoral no curto e médio prazo:

1. Alta rejeição nacional

O senador figura entre os nomes com maior índice de rejeição entre os possíveis candidatos à Presidência, o que dificulta a expansão para além da base bolsonarista mais fiel.

2. Baixa competitividade no segundo turno

Em cenários simulados contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Flávio perde com margem significativa, o que o coloca em desvantagem clara em disputas decisivas.

3. Dificuldade de diálogo com o centro político

Ele é visto como representante da continuidade ideológica do bolsonarismo, o que dificulta sua aceitação entre eleitores moderados, grupo decisivo em eleições polarizadas.

4. Desconfiança do mercado financeiro

A possível candidatura de Flávio vem sendo interpretada por investidores como fator de risco, refletindo preocupações com estabilidade econômica, previsibilidade institucional e condução fiscal.

Possíveis caminhos para tentar reverter o cenário

Analistas políticos apontam três eixos estratégicos que poderiam ser trabalhados pelo senador para reduzir resistências e ampliar sua competitividade.

Moderação do discurso e aproximação com o Centrão

Comparado a seus irmãos, Flávio Bolsonaro possui um histórico político mais pragmático no Senado. Esse perfil poderia ser explorado estrategicamente:

  • Articulador político: Flávio é visto como o principal operador político do clã Bolsonaro, com trânsito entre parlamentares do Centrão e até setores do governo. Essa habilidade pode ser usada para construir alianças e reduzir a resistência partidária.
  • Discurso de conciliação: Uma agenda econômica mais clara, com viés liberal e foco em estabilidade institucional, poderia ajudar a diminuir a percepção de risco junto ao mercado e ao eleitorado moderado.

Uso da estrutura do PL e do legado de Jair Bolsonaro

Apesar das dificuldades, a candidatura conta com uma vantagem estrutural significativa:

  • Máquina partidária: O Partido Liberal dispõe do maior fundo eleitoral e do maior tempo de televisão, instrumentos fundamentais para ampliar visibilidade, humanizar o candidato e tentar reduzir rejeição.
  • Voto bolsonarista fiel: O principal ativo da campanha seria a transferência do capital político de Jair Bolsonaro. A estratégia tende a transformar a eleição em uma disputa plebiscitária sobre o legado do ex-presidente e valores conservadores, mobilizando fortemente a base ideológica.

Dependência do contexto político e de erros do adversário

Especialistas alertam que mudanças expressivas no cenário muitas vezes não vêm da campanha em si, mas de fatores externos:

  • Desgaste do governo Lula: Uma eventual deterioração econômica, crises políticas ou escândalos poderiam ampliar o sentimento antipetista e empurrar parte do eleitorado insatisfeito para Flávio Bolsonaro como alternativa viável.
  • Teste do bolsonarismo: Mesmo sem vitória, uma performance acima das expectativas poderia ser interpretada como êxito estratégico do movimento bolsonarista, fortalecendo o projeto político da família para eleições futuras, como 2030.

Repercussão no Amazonas

No Amazonas, a possível candidatura de Flávio Bolsonaro gera reações previsíveis, divididas entre alinhamento da base bolsonarista e críticas de adversários tradicionais.

Tendência de apoio da ala bolsonarista

  • Wilson Lima (União Brasil): Embora ainda não haja manifestação pública formal, o histórico de alinhamento do governador com Jair Bolsonaro indica uma inclinação favorável à candidatura de Flávio, dependendo da articulação nacional do partido.
  • Bancada do PL e aliados: Parlamentares e lideranças da direita amazonense tendem a seguir a orientação nacional, buscando manter a mobilização do eleitorado conservador, que historicamente concedeu votações expressivas a Bolsonaro no estado.

A aposta do ex-presidente Jair Bolsonaro em seu filho mais velho ocorre sob intenso escrutínio político, econômico e eleitoral. Uma eventual reversão do cenário atual exigiria uma guinada clara ao centro político, forte articulação institucional e, sobretudo, um contexto nacional favorável marcado por desgaste significativo do governo adversário.

Sem essas variáveis, analistas avaliam que a candidatura tende a enfrentar dificuldades consistentes para alcançar competitividade real em 2026.

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