
O Relatório 2024 da Organização Meteorológica Mundial (OMM) alerta para um dos maiores aumentos de emissões de gases poluentes registrados na última década, pressionando o Brasil e outros países a intensificarem suas ações climáticas.
Embora o país possua a Política Nacional sobre Mudança do Clima (Lei nº 12.187/2009), especialistas indicam que o maior obstáculo reside na execução prática das diretrizes. Nesse cenário, a engenheira química e ambiental Priscilla Araújo ressalta que entender os entraves estruturais e culturais é crucial para que o Brasil recupere seu protagonismo internacional na área.
O paradoxo climático do Brasil
Para Priscilla Araújo, que é CEO da Universo LP – empresa focada em gestão ambiental –, o Brasil vive um momento decisivo, reunindo condições únicas para liderar a transição sustentável. No entanto, o país ainda precisa consolidar uma estrutura eficiente de governança, fiscalização e continuidade das políticas públicas.
“Hoje o Brasil vive um grande paradoxo: temos um potencial gigantesco para sermos referência mundial, mas ainda patinamos em questões básicas como fiscalização, investimento contínuo e, principalmente, gestão eficiente. O maior desafio não é técnico, é cultural e político. Falta visão estratégica de longo prazo, falta compromisso real e, muitas vezes, falta coragem de enfrentar interesses que atrasam o progresso”, explica a engenheira.
A especialista aponta que, apesar dos desafios, existe clareza sobre os caminhos a seguir:
- Continuidade nas políticas públicas: Evitar a descontinuidade a cada mudança de gestão.
- Integração entre setores: Acabar com a visão de que a agenda ambiental é isolada.
- Clima como estratégia: Entender que questões ambientais são parte direta do desenvolvimento nacional.
O papel fundamental do setor empresarial

Priscilla Araújo defende que o setor empresarial é vital na transformação ambiental do país, mas deve ir além das iniciativas simbólicas.
“O segredo é tirar a sustentabilidade da ‘pasta bonita na gaveta’ e colocar no planejamento estratégico. Quando a empresa entende que reduzir emissões melhora eficiência, reduz custos e fortalece reputação, tudo muda”, afirma.
A especialista diferencia iniciativas verdadeiramente eficazes das ações simbólicas, destacando a importância da prática e da mensuração:
“A iniciativa simbólica fala bonito. A eficácia mostra números, reduz impacto e transforma comportamento. Iniciativa séria tem método, indicador, responsável e acompanhamento.”
A engenheira reforça que seguir a legislação deixou de ser um diferencial para se tornar o mínimo esperado. Quem for além, investindo em sustentabilidade, colherá competitividade e liderança de mercado, pois o cliente e o investidor observam a responsabilidade corporativa.
COP30 e o polo de inovação na Amazônia
Com a realização da COP30 na Amazônia, Priscilla Araújo avalia que o evento será um marco para o Brasil no cenário climático global. É uma oportunidade única para mostrar a capacidade técnica e a força da região Norte como centro estratégico das discussões.
“A Amazônia se tornou um laboratório vivo de soluções ambientais que podem ser espelhadas em outras regiões. Quero ver compromissos reais, parcerias técnicas, cooperações e abertura para soluções que já existem”, destaca.
A engenheira estruturou um projeto robusto de redução de emissões em indústrias do Polo Industrial de Manaus (PIM) e em São Paulo. O método é focado na aplicação prática e simples para as operações diárias, resultando em:
- Redução de emissões em setores específicos.
- Melhoria no controle de resíduos.
- Otimização do consumo energético.
- Mudança de mentalidade interna nas empresas.
Sustentabilidade é investimento, não despesa
Para a CEO da Universo LP, a visão integrada entre economia e meio ambiente é crucial para o futuro da indústria.
“Sustentabilidade não é custo, é economia. Não é peso, é vantagem. Não é moda, é sobrevivência. Quem investir agora vai colher competitividade, inovação e mercado. Quem não investir vai ficar para trás, porque o mundo está avançando e não vai esperar”, conclui.
LD Comunicação | Luana Dávila (Mtb-884/AM)











