Brasil fecha acordos com a China, mas não adere à Rota da Seda

Os 2 países anunciaram 37 tratados comerciais durante visita de Xi Jinping ao Palácio do Alvorada nesta 4ª feira

O líder chinês Xi Jinping e Luiz Inácio Lula da Silva – Foto: Ricardo Stuckert/Planalto

O Brasil e a China assinaram 37 acordos comerciais nesta 4ª feira (20/11) para a abertura de mercado em áreas como agricultura, intercâmbio educacional e cooperação tecnológica. Os tratados foram firmados durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Palácio do Alvorada nesta 4ª feira (20/11). O país asiático é o maior parceiro comercial do Brasil.

Em declaração a jornalistas depois de reunião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou que os 2 países elevaram a parceria estratégica global ao patamar de “comunidade de futuro compartilhado por um mundo mais justo e um planeta sustentável”. O governante brasileiro disse querer ampliar e diversificar a pauta comercial com a China.

“Estamos determinados a alicerçar nossa cooperação pelos próximos 50 anos em áreas como infraestrutura sustentável, transição energética, inteligência artificial, economia digital, saúde e aeroespacial. Por essa razão, estabeleceremos sinergias entre as estratégias brasileiras de desenvolvimento, como a NIB (Nova Indústria Brasil), o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o Programa Rotas da Integração Sul-Americana, e o Plano de Transformação Ecológica, e a Iniciativa Cinturão e Rota”, disse Lula.

A última iniciativa mencionada pelo presidente brasileiro se refere ao maior programa de infraestrutura da China no exterior, conhecido como Nova Rota da Seda. Os chineses esperavam poder anunciar a adesão do Brasil à iniciativa, mas o governo brasileiro decidiu não assinar o acordo em sua plenitude.

O Planalto considera que já há iniciativas em curso e que pode continuar buscando investimentos chineses sem se alinhar diretamente a uma estratégia geopolítica de Xi Jinping.

O Executivo brasileiro foca a participação chinesa em 4 grandes eixos: investimentos em obras do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), construção e reforma das rotas de integração regional na América do Sul, aportes em projetos de transição energética e modernização do parque industrial.

China e Brasil já integram conjuntamente o Brics (bloco composto originalmente pelos 2 países com Índia, Rússia e África do Sul) e se aproximaram ainda mais recentemente ao apresentarem em conjunto uma proposta de resolução política para a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Lula anunciou que duas forças-tarefas entre os 2 países foram criadas para apresentar projetos prioritários nas áreas de cooperação financeira e desenvolvimento produtivo e sustentável. Os grupos terão 2 meses para apresentar propostas.

“Há meio século, China e Brasil cultivam uma amizade estratégica baseada em interesses compartilhados e visão de mundo próximos. A China é a maior parceira comercial do Brasil desde 2007. Em 2023, o comércio bilateral atingiu o recorde histórico de U$ 157 bilhões”, declarou o chefe do Executivo brasileiro.

Foram assinados acordos nas áreas de:

  1. Comércio e investimentos;
  2. Infraestrutura;
  3. Indústria;
  4. Energia;
  5. Mineração;
  6. Finanças;
  7. Comunicações;
  8. Desenvolvimento sustentável;
  9. Turismo;
  10. Esportes;
  11. Saúde;
  12. Cultura

Lula voltou a defender uma reforma da governança global e um sistema internacional democrático, “mais justo, equitativo e ambientalmente sustentável”.

“Os entendimentos comuns entre o Brasil e a China para uma resolução política para uma crise na Ucrânia são exemplos da convergência de visões em matéria de segurança internacional. Jamais venceremos o flagelo da fome em meio à insensatez das guerras”, afirmou o presidente brasileiro.

ABERTURA DE MERCADO

Em seu discurso, Lula deu destaque à participação de empresas chinesas na área de infraestrutura no Brasil, como na construção de usinas hidrelétricas e ferrovias. “Isso representa emprego, renda e sustentabilidade para o Brasil”, disse. O presidente brasileiro também afirmou que companhias brasileiras têm ampliado participação no mercado chinês e citou WEG, Suzano e Randon.

O chefe do Executivo brasileiro anunciou que a BRF, maior produtora de carne do mundo, investirá US$ 80 milhões na compra de uma moderna fábrica para o processamento de carnes em Henan, na China. “O agronegócio [brasileiro] continua a garantir a segurança alimentar chinesa”, disse Lula.

Leia a lista de autoridades que participaram da reunião ampliada Brasil-China:

Fonte: https://www.poder360.com.br/poder-governo/brasil-fecha-acordos-com-a-china-mas-nao-adere-a-rota-da-seda/

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