
Pela primeira vez em mais de seis décadas, o Brasil alcançou o posto de maior produtor mundial de carne bovina. O país encerra o ano consolidando uma marca histórica ao ultrapassar a produção dos Estados Unidos. Segundo os dados mais recentes do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o USDA, a produção brasileira atingiu 12,35 milhões de toneladas em 2025, enquanto os norte-americanos registraram 11,81 milhões de toneladas.
Essa diferença superior a 500 mil toneladas representa um momento divisor para a pecuária nacional. Desde o início da série histórica na década de 1960, o Brasil nunca havia superado os norte-americanos nesse ranking específico. O avanço simboliza o amadurecimento do agronegócio brasileiro, que já liderava as exportações mundiais há vinte anos e agora domina também o volume total produzido.
O marco histórico que quebrou uma hegemonia de décadas
A conquista brasileira reflete um cenário de contrastes entre as duas potências pecuárias. Enquanto o Brasil investiu em produtividade e tecnologia no campo, os Estados Unidos enfrentam um período desafiador com o menor rebanho bovino dos últimos 75 anos. Essa escassez de animais no mercado americano gerou uma inflação acentuada no preço da carne para os consumidores locais e abriu espaço para o avanço brasileiro.
O desempenho do Brasil em 2025 é fruto de um ciclo pecuário favorável e de condições sanitárias que são reconhecidas pelos mercados mais exigentes do mundo. O crescimento não foi apenas em volume, mas também na capacidade de atendimento contínuo, o que garante a segurança alimentar para diversas nações que dependem da proteína brasileira.
Diferenças entre os dados nacionais e internacionais
Embora a liderança seja celebrada, existe uma divergência técnica entre as métricas utilizadas por diferentes órgãos. A Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, utiliza critérios mais conservadores e estima que a produção nacional tenha ficado em 11,38 milhões de toneladas. Mesmo sendo um número menor do que o apontado pelo relatório americano, o volume da Conab ainda confirma um crescimento real em relação ao desempenho de 2024.
Essa variação ocorre devido às metodologias de cálculo sobre o peso das carcaças e o abate total, mas o consenso entre os analistas de mercado é que o Brasil vive o seu melhor momento na história do setor. O recorde de exportações também corrobora essa tese, com o país enviando 4,25 milhões de toneladas métricas para o exterior ao longo deste ano.
Exportações atingem patamares inéditos com foco no mercado chinês
O mercado internacional foi o grande motor dessa expansão. Entre os meses de janeiro e novembro, o Brasil exportou 3,15 milhões de toneladas de carne bovina, o que representa uma alta expressiva de 18,3% na comparação com o ano anterior. Esse desempenho resultou em uma receita de 16,18 bilhões de dólares, um avanço financeiro de 37,5% que fortalece a balança comercial brasileira.
A China permanece como o destino fundamental da carne produzida no Brasil, sendo responsável por quase metade de todo o volume embarcado e da receita gerada. Outros países como Indonésia, Canadá e Rússia também apresentaram crescimentos surpreendentes nas compras, evidenciando que a carne nacional está conquistando novos paladares e mercados que antes eram dominados por concorrentes.
Perspectivas para o desempenho do setor em 2026
Para o próximo ano, as projeções indicam que a disputa pela liderança global será ainda mais acirrada. O USDA prevê um equilíbrio quase exato entre os dois países, com estimativas que giram em torno de 11,7 milhões de toneladas para cada um. Essa leve retração esperada para o Brasil faz parte do ciclo natural da pecuária de corte, onde o abate de fêmeas e a retenção de bezerros influenciam a oferta final.
Mesmo com a previsão de um cenário mais equilibrado em 2026, o Brasil provou que possui estrutura e competência para ocupar o topo do mundo. A sustentabilidade da produção e a abertura de novos mercados de alto valor agregado, como o México e o Canadá, devem manter o país em uma posição privilegiada na economia global pelos próximos anos.











