
O Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master S.A. e colocou o Banco Master Múltiplo sob administração especial temporária. O conglomerado Master, com R$ 86,3 bilhões em ativos, tornou-se o maior caso de intervenção bancária já registrado no Brasil, superando em volume financeiro episódios históricos como Nacional, Econômico e Bamerindus, ocorridos nos anos 1990.
Os decretos do Banco Central e as implicações
A decisão do BC, anunciada recentemente (mencionada como 18 de novembro), foi tomada em um contexto de intensa investigação. A Polícia Federal (PF) chegou a prender o controlador do Master, Daniel Vorcaro, por suspeitas de irregularidades na gestão. O BC monitorava a instituição há meses, chegando a rejeitar, em setembro, a proposta de compra pelo Banco de Brasília (BRB) por considerar que a operação apresentava riscos excessivos e falta de viabilidade econômico-financeira.
A liquidação extrajudicial encerra as operações do Banco Master S.A. Um administrador nomeado pelo BC assume a responsabilidade de vender os bens do banco e recuperar créditos para, então, pagar os credores. Já o Banco Master Múltiplo continua em funcionamento, mas sob o controle direto e a gestão da autoridade monetária (BC) até que sua situação seja definida.
O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) em risco
O volume de depósitos no Banco Master que são elegíveis à cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) atingiu R$ 62,2 bilhões. Este valor é inédito para o mecanismo, que tem como finalidade proteger os depositantes. O FGC cobre perdas de até R$ 250 mil por CPF/CNPJ por instituição financeira. Embora o fundo tenha atuado em cerca de 40 quebras bancárias ao longo de 30 anos, ele nunca enfrentou um risco sistêmico dessa magnitude em termos de depósitos garantidos.
Histórico de intervenções bancárias no brasil
A intervenção no Master não é um fato isolado, mas sim o maior em volume dentro de um histórico de quebras no Sistema Financeiro Nacional (SFN).
- Banco Nacional (1995): O rombo estimado girou entre R$ 25 bilhões e R$ 50 bilhões (corrigidos). O motivo foi fraude contábil e risco sistêmico depois do Plano Real. A parte saudável foi transferida ao Unibanco.
- Banco Econômico (1995): O déficit registrado foi de cerca de R$ 15 bilhões a R$ 25 bilhões (atualizados). O processo foi prolongado, e a venda de ativos viáveis foi direcionada ao Banco Excel.
- Bamerindus (1997): O custo foi de R$ 19,6 bilhões (atualizados). Depois de saneamento pelo Banco Central e FGC, a carteira saudável foi vendida ao HSBC.
- Banco Santos (2004): Ativos próximos de R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões (atuais). O caso foi marcado por má gestão e fraudes. Os bens de luxo foram leiloados.
- PanAmericano (2010): Rombo de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões (atualizados), coberto pelo FGC e pelo Grupo Silvio Santos. A operação foi saneada e vendida ao BTG Pactual.
- Cruzeiro do Sul (2012): Fraude contábil e rombo de cerca de R$ 2 bilhões (atualizados). Houve a venda de ativos ao Banco Original e BTG Pactual.
- Banco Rural (2013): Liquidação depois de sucessivos prejuízos e envolvimento no Mensalão. O processo tradicional foi de venda de ativos para pagar credores.
- Conglomerado Banco Master (2025): Com R$ 86,3 bilhões em ativos e R$ 62,2 bilhões em depósitos cobertos pelo FGC, representa a maior intervenção bancária da história, com a liquidação do Master S.A. e o controle direto do BC sobre o Master Múltiplo.
Fonte: https://revistaoeste.com/economia/intervencao-no-banco-master-e-a-maior-da-historia-do-brasil/











