
O mercado brasileiro de carbono pode não estar totalmente regulado até a COP 30, mas é fundamental que haja algum direcionamento claro para mobilizar e engajar a demanda. Essa foi uma das conclusões do encontro exclusivo que a AYA Earth Partners realizou nesta terça-feira, dia 02, intitulado “Download COP 29: Um Olhar sobre os Mercados de Carbono do Acordo de Paris e Instrumentos de Financiamento”.
Com o objetivo de discutir os desdobramentos da mais recente Conferência do Clima, realizada em novembro em Baku, no Azerbaijão, participaram do painel Patricia Ellen, cofundadora da AYA Earth Partners e especialista em descarbonização e soluções da natureza; Pedro Carvalho, Diretor de Políticas e Mercados da EcoSecurities, e Juliana Marcussi, Consultora Jurídica em Mercados de Carbono da LaClima.
Na sua fala sobre o tema, Patricia Ellen destacou a importância da agenda de ação, que inclui a participação de governo local (cidades e estados), setor privado e a mobilização da sociedade civil. “Como o financiamento vai exigir muito do setor privado, a agenda de ação passou a ser mais importante”, afirmou. Ela comparou a COP 30 no Brasil à COP 26, em Glasgow, onde o simbolismo da agenda de ação foi bastante forte. Atualmente, Patricia aponta que existe um gap de comunicação entre a oferta e a demanda de carbono, e acredita que a conferência em Belém/PA pode ser uma oportunidade para resolver essa questão.
Patricia resumiu a experiência no Azerbaijão: “Podemos olhar o copo meio vazio e meio cheio”. Do lado do copo cheio, ela destacou os acordos multilaterais firmados, além de avanços em temas como trade, green skills e financiamento. “Foram 14 iniciativas de ação lançadas em Baku”, contabilizou. Para ela, o lado negativo foi o não estabelecimento de números e datas.
A cofundadora da AYA também fez um paralelo com o G20, o encontro dos dirigentes das maiores economias mundiais realizado em novembro no Rio de Janeiro, para refletir sobre a COP 30. Ela ressaltou que o Brasil tem relações estratégicas com as grandes potências, particularmente em um momento onde o contexto geopolítico tende a se agravar.
“Os pilares da casa estão colocados de pé”, afirmou Pedro Carvalho, da EcoSecurities, ao resumir os resultados da COP 29. Ele mencionou a conclusão das negociações do Artigo 6.2 – a decisão que esclarece como os países autorizarão o comércio de créditos de carbono e como funcionarão os registros –, conhecido como livro de regras: “Agora, países e atores têm condições de entender os riscos e limitar as incertezas do processo.”
De acordo com Pedro, o Artigo 6.2 é essencial para as ambições e metas dos países, que vão precisar de tecnologia e financiamento. Ele destacou que a premissa do documento é que o governo esteja motivado a entregar uma carta de negociação. “Aparentemente, o Brasil ainda está estudando como. O governo precisa se mexer”, afirmou, lembrando que nenhum país conseguiu preencher todas as etapas até o momento. “Para começar a operar, não é necessário ter o regramento totalmente completo. O governo precisaria dar algumas indicações de setores e níveis de taxa, ainda que não estejam traduzidas em documentos técnicos; isso já ajudaria a administrar expectativas”, concluiu.
O “Download COP 29: Um Olhar sobre os Mercados de Carbono do Acordo de Paris e Instrumentos de Financiamento” foi realizado em parceria com a LaClima. O evento marcou o encerramento do ciclo de debates de 2024, que, ao longo do ano, reuniu especialistas para discutir os temas mais relevantes relacionados ao meio ambiente e às ações sustentáveis.
- Sobre a AYA Earth Partners | A AYA Earth Partners é o primeiro e maior ecossistema dedicado a acelerar a economia regenerativa e de baixo carbono do Brasil, conectando empresas de todos os portes e segmentos, organizações do terceiro setor e especialistas de diversas áreas para compartilhar conteúdos e serviços e impulsionar a transição do país para uma economia de baixo carbono. Liderada pela ex-Secretária do governo do Estado de São Paulo, Patricia Ellen, e pelo empresário Alexandre Allard, a AYA promove o encontro dos melhores pensadores e profissionais de cada setor, com foco no desenvolvimento e implementação de soluções integradas e inovadoras para as empresas e com o objetivo de acelerar a capacidade de CEOs e outras lideranças empresariais de enfrentar os enormes desafios das mudanças climáticas, transformando custos em investimentos e retornos para as organizações.
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