
Quase um ano após o crime que chocou o país, a Justiça do Amazonas proferiu a sentença condenatória contra Thiago Agles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos pela morte da artista venezuelana Julieta Inés Hernández Martínez. O casal foi condenado pelos crimes de latrocínio (roubo seguido de morte) e ocultação de cadáver, conforme a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Amazonas (MPAM).
Penas severas e crimes reconhecidos
As penas de reclusão foram definidas em regime inicial fechado e refletem a gravidade dos delitos cometidos:
- Thiago Agles da Silva: 41 anos e 3 meses de reclusão.
- Deliomara dos Anjos Santos: 37 anos, 11 meses e 10 dias de prisão.
O promotor de Justiça Gabriel Salvino Chagas do Nascimento, que atuou no processo, informou que o MPAM denunciou os réus por latrocínio, ocultação de cadáver e estupro. A magistrada acolheu as teses do Ministério Público, rejeitando apenas a imputação de estupro.
O promotor destacou que o MPAM defendeu a motivação patrimonial do crime, ou seja, o dolo dos acusados era roubar os bens da vítima, o que resultou em sua morte, configurando o latrocínio consumado. O órgão também atuou para garantir a manutenção da prisão preventiva dos réus, o que foi confirmado na sentença para o imediato cumprimento provisório da pena.
Fatores agravantes e violência contra a mulher
Na sua decisão, a magistrada de Presidente Figueiredo ressaltou que o crime foi cometido com extrema violência, envolvendo meios cruéis e insidiosos.
Foram reconhecidas as seguintes circunstâncias que agravaram a pena:
- Violência Contra a Mulher em Contexto de Hospitalidade: A agravante foi aplicada com base no Artigo 61 do Código Penal, combinado com a Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), evidenciando a violência de gênero no contexto do crime.
- Concurso de Pessoas: A atuação conjunta e coordenada dos réus foi reconhecida, o que resultou no aumento da pena em um terço.
A vítima: Julieta Hernández
Julieta Hernández era uma artista circense e cicloviajante venezuelana, conhecida como a palhaça “Miss Jujuba”. Ela dedicava sua vida a percorrer países da América Latina em sua bicicleta, promovendo ações culturais e solidárias. Seu desaparecimento, ocorrido em dezembro de 2023 em Presidente Figueiredo, mobilizou autoridades e a sociedade civil, que acompanharam intensamente as buscas até o trágico desfecho.
Por Sofia Lourenço