
A paralisação orçamentária do governo dos Estados Unidos — popularmente conhecida como “shutdown” — está entrando em sua segunda semana sem sinais de resolução, e as consequências negativas se intensificam. Líderes republicanos e assessores do presidente Donald Trump voltaram a ameaçar, neste domingo (5), a possibilidade de demissões em massa de funcionários públicos, caso o impasse com a oposição democrata continue.
Este risco já havia sido mencionado pelo próprio presidente Trump desde o início do bloqueio orçamentário, na última quarta-feira. Atualmente, a maioria republicana e a oposição democrata trocam acusações sobre a responsabilidade pela paralisação.
O bloqueio e as consequências imediatas
O shutdown ocorre quando o Congresso não consegue aprovar a lei de financiamento (o orçamento) antes do prazo final, forçando a interrupção de serviços públicos “não essenciais”.
- Servidores “Não Essenciais” Suspensos: Centenas de milhares de funcionários públicos foram suspensos desde quarta-feira e não estão recebendo salário. A menos que sejam demitidos, a situação salarial desses servidores deverá ser regularizada (com pagamento retroativo) somente ao final do shutdown.
- Ameaça de Demissões em Massa: A ameaça de demissões permanentes adiciona uma nova camada de pressão. O principal assessor econômico de Donald Trump, Kevin Hassett, afirmou à CNN neste domingo: “Se o presidente acredita que as negociações não vão a lugar nenhum, então as demissões vão começar”.
O ponto central do impasse
O cerne do conflito reside na questão dos subsídios ao seguro médico, parte fundamental do programa conhecido como “Obamacare”.
O Obamacare (formalmente, Affordable Care Act), aprovado durante a Presidência do democrata Barack Obama, visa fornecer seguro de saúde acessível à classe trabalhadora. A equipe de Trump se recusa a ceder na proposta de financiamento.
O líder da minoria democrata na Câmara de Representantes, Hakeem Jeffries, alertou que a não extensão das isenções fiscais do Obamacare resultará em um aumento drástico nos custos de atenção médica para dezenas de milhões de contribuintes.
Diálogo em ponto morto
A solução para a crise parece distante. Desde a reunião fracassada na Casa Branca na última segunda-feira, os principais líderes dos partidos Republicano e Democrata no Congresso não voltaram a se encontrar.
O líder da maioria republicana no Senado, John Thune, reconheceu o ponto morto e sugeriu que mais americanos sentirão as consequências: “Isto vai ficar incômodo”. Ele confirmou que, nos bastidores, continuam os diálogos sobre uma possível extensão dos subsídios do Obamacare.
Questionado sobre a possível duração do impasse, Thune foi taxativo: “Tanto quanto os democratas quiserem.”
Este tipo de paralisação é extremamente impopular. O episódio mais longo de shutdown nos EUA durou 35 dias, durante o primeiro mandato de Donald Trump na Casa Branca.
Em resumo, a crise se resume a:
- Republicanos: Usando a ameaça de demissões e o corte de fundos do Obamacare como alavanca para pressionar por suas demandas.
- Democratas: Resistindo à revogação dos subsídios do Obamacare e acusando os republicanos de negligência ao deixar a saúde e o emprego de milhões de americanos em risco.