Amazonas será pioneiro em projeto do CNJ para combater violência contra a mulher

Corregedoria Nacional de Justiça e Corregedoria-Geral de Justiça do Amazonas assinam acordo de cooperação técnica para reforçar o combate à violência de gênero – Foto: Luiz Silveira/CNJ

O estado do Amazonas será o projeto-piloto de uma nova estratégia nacional para o enfrentamento da violência de gênero. O anúncio foi feito na última terça-feira (9/12), durante sessão ordinária do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde foi oficializado um Acordo de Cooperação Técnica entre a Corregedoria Nacional de Justiça e a Corregedoria-Geral de Justiça do Amazonas (CGJ-AM).

A iniciativa visa fortalecer e qualificar as políticas públicas de proteção à mulher, em um momento crítico de escalada nos casos de feminicídio e violência doméstica em todo o país.

O acordo e o cenário de urgência

O corregedor nacional de Justiça, ministro Mauro Campbell Marques, destacou que a parceria tem o propósito de intensificar o combate a todas as formas de violência contra a mulher. Segundo o ministro, a formalização ocorre em um período marcado por casos brutais que chocaram a sociedade.

Durante seu discurso, Campbell citou dados alarmantes, lembrando que cerca de 3,5 milhões de mulheres no Brasil já foram vítimas de violência doméstica e familiar. Ele também mencionou o recente avanço legislativo no Senado, que equipara a misoginia ao crime de racismo, reforçando a responsabilidade do Judiciário:

“Não podemos nos calar enquanto sistema de Justiça e como homens que majoritariamente o compõem em face desta triste e grave realidade”, afirmou o ministro.

Objetivos e expansão nacional

Embora o projeto comece pelo Amazonas, o objetivo é que a metodologia seja disseminada para todos os tribunais do país. O acordo prevê quatro pilares principais de atuação:

  • Fortalecimento da rede de proteção à mulher.
  • Melhoria na coleta e análise de dados sobre violência de gênero.
  • Aprimoramento da atuação dos serviços judiciais e extrajudiciais.
  • Estímulo à capacitação continuada dos agentes envolvidos.

Tecnologia e novos protocolos de atendimento

A cooperação técnica traz inovações práticas para o sistema de Justiça, regulamentadas pelo Provimento n.º 201/2025. Entre as medidas técnicas, destacam-se:

  1. Protocolos de atendimento e denúncia O acordo estabelece diretrizes específicas para o atendimento às vítimas e estrutura canais seguros de denúncia. O texto abrange, inclusive, casos que envolvam magistrados, servidores do Judiciário, notários e registradores. A medida responde a falhas identificadas na aplicação do Protocolo de Julgamento com Perspectiva de Gênero.
  2. Monitoramento via inteligência de dados Será criado um sistema de acompanhamento estruturado em um painel de Business Intelligence (BI). Essa ferramenta permitirá a visualização de dados detalhados e atualizados sobre as representações de violência, baseados em indicadores definidos pela Corregedoria Nacional. O acesso aos dados respeitará integralmente a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Reconhecimento institucional

Ao finalizar o anúncio, o ministro Mauro Campbell Marques agradeceu o empenho do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) em viabilizar o projeto-piloto. Foram citados o presidente do TJAM, desembargador Jomar Fernandes; o corregedor-geral, desembargador José Hamilton Saraiva dos Santos; e o juiz-corregedor auxiliar, Igor Campagnolli.

No âmbito do CNJ, as ações da política pública foram lideradas pela equipe da juíza-auxiliar Roberta Ferme.

Assessoria de comunicação: Afonso Junior

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