Além dos ventiladores inúteis, Wilson Lima quer comprar vacina reprovada pela Anvisa, denuncia deputado Dermilson Chagas

Governador Wilson Lima - Foto: Divulgação

O deputado Dermilson Chagas (Podemos) disse, na manhã desta terça-feira (27/04), que o governador do Amazonas, Wilson Lima, mais uma vez comete um ato que denota a falta de seriedade no trato no combate à proliferação da novo coronavírus no Estado, ao querer comprar doses de vacinas que ainda não tinham sido liberadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que, ontem (26/04), reprovou a importação e o uso do imunizante russo.

“Ontem, o colegiado da Anvisa se reuniu extraordinariamente e reprovou, por unanimidade, a importação e o uso da vacina Sputinik V. Além disso, o governador já era consciente, no dia em que assinou o contrato de compra dessa vacina, que a Anvisa ainda não tinha aprovado esse imunizante russo, agindo de forma precipitada e irresponsável mais uma vez”, destacou Dermilson Chagas.

O parlamentar lembrou que o anúncio da compra foi feito pelo Governo do Amazonas na última terça-feira (20/04) e foi amplamente divulgado pela Secretaria de Estado de Comunicação (Secom) no portal do Governo do Estado e na Agência de Comunicação, recém-criada pela gestão Wilson Lima, conforme comprova o link abaixo.

Wilson Lima se reúne com ministro da Saúde para tratar da compra de vacina contra Covid-19

Contrato para comprar 1 milhão de doses

Conforme a Secom, em março, o governador Wilson Lima assinou, por meio do Consórcio de Governadores da Amazônia Legal, um contrato para compra de 1 milhão de doses da vacina Sputnik V e que o próprio Governo do Estado sabia que o imunizante russo não era o adequado para utilização na população do Estado.

“O imunizante ainda não conta com registro de uso pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, por isso, ainda não pode ser aplicado no Brasil”, diz um dos trechos da matéria divulgada pela Secom.

Dermilson Chagas explica que as decisões do Governo do Estado no combate à pandemia de Covid-19 não são planejadas, que há pressa nas decisões que deveriam ser analisadas com mais atenção. Em outro trecho da matéria divulgada pelo Governo do Amazonas, o governador Wilson Lima deixa claro que era ciente de que a Sputinik V ainda não tinha aprovação da Anvisa.

“Se é o Estado do Amazonas que vai comprar, se é o Governo Federal que vai comprar, a gente ainda vai encontrar esse entendimento lá na frente. O fato é que a gente precisa avançar nesse processo de liberação pela Anvisa, para que a vacina possa vir para o Brasil”, declarou o governador.

Reprovação por unanimidade

Segundo os membros do colegiado da Anvisa, a importação e o uso da vacina Sputinik V foi reprovada por unanimidade por não apresentar todos os documentos necessários para a liberação do imunizante e pela suspeição de possíveis riscos à saúde da população brasileira. Um parecer técnico foi produzido apontando essas e outras falhas.

Em entrevista a vários veículos de comunicação nacional, o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, disse que a atribuição da agência é “proteger e promover a saúde da população” e que a agência “não pode agir ao arrepio de sua missão”.

Entenda os motivos da rejeição à Sputinik V

A rejeição à Sputinik V iniciou desde o anúncio da criação do imunizante feito pelas autoridades russas, devido a uma série de eventos suspeitos envolvem a fabricação, os testes, a realização de pesquisas e documentação e outras atividades necessárias à aprovação por organismos ligados á área de saúde do mundo inteiro.

Segundo a BBC News Brasil, o veto à Sputink V pelos responsáveis técnicos da Anvisa se baseou no fato de que o imunizante não conseguiu demonstrar a sua segurança e eficácia, porque não foram enviadas informações suficientes que pudessem contribuir para a análise do pedido. Os dados recebidos pela Anvisa de empresas e autoridades sanitárias criam sérias dúvidas sobre a segurança, qualidade e eficácia da vacina.

Os técnicos que avaliaram o pedido de importação e utilização da Sputinik V revelaram que, embora a Rússia tenha publicado os resultados de estudos clínicos que, supostamente, atestavam a segurança e eficácia da vacina na revista científica “The Lancet, isso não é garantia suficiente de aprovação por uma autoridade sanitária.

Em agosto do ano passado, quando a Rússia anunciou a criação da vacina, a Organização Mundial de Saúde (OMS) não a levou em consideração como uma alternativa para o combate à pandemia de Covid-19 porque não foram divulgadas as pesquisas que levaram à produção da vacina em publicações especializadas de medicina, conforme divulgou na imprensa brasileira o presidente da Comissão de Ética da Sociedade Brasileira  de Imunizações, Gabriel Oselka.

A Rússia também não deu informações sobre a primeira etapa dos testes clínicos. Apenas divulgou para a imprensa as fases 2 e 3, o que causou estranheza na comunidade científica. Outro problema que envolve a rejeição à Sputinik V é o fato de que, praticamente, só sobrou a produção desse imunizante no mercado internacional, pois os países ricos da Europa e os Estados Unidos saíram na frente e compraram os demais lotes de produtos da BioNtech-Pfizer e Moderna. Foi o caso da Argentina que teve de comprar 820 mil doses da vacina russa Sputnik V. E o Governo do Amazonas quer entrar para essa lista.

Em março deste ano, a presidente do Conselho de Direção da Agência Europeia de Medicamentos, Christa Wirthumer-Hoche causou polêmica internacional ao pedir que os países da União Europeia não autorizassem o uso emergencial da Sputinik V porque as informações a respeito do imunizante eram insuficientes.

Assessoria de Comunicação do Deputado Dermilson Chagas

Guilherme Gil (92) 98159-3604 / Valéria Ribeiro (92) 99190-5466

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.