
Se o PIB em 2021 conseguiu eliminar, em partes, as perdas causadas pela pandemia, o setor do agronegócio tem mais motivos para comemorar.
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), cresceu 8,36% em 2021. Para se ter uma ideia, a economia do Brasil como um todo subiu 4,6%.
No último trimestre de 2021, o PIB do agro chegou a cair, 2%, influenciado por uma piora nos preços do setor. No entanto, a participação do agronegócio no PIB nacional foi de 27,4% no ano passado, a maior desde 2004, quando foi de 27,53%.
Os motivos para o crescimento
De acordo com o Cepea, o forte crescimento do PIB agrícola aconteceu principalmente por causa dos preços elevados das commodities, não podendo ignorar também as quebras de produção para importantes culturas, por causa do clima desfavorável. O café é um exemplo disso.
O avanço da renda nesse segmento não foi maior por causa dos custos de produção, como insumos, que nem contabilizaram os efeitos da guerra na Ucrânia. O Brasil importa 85% dos fertilizantes que utiliza na agricultura, sendo a Rússia a principal fornecedora. Com toda a situação atual, os preços vão ficar ainda mais salgados. Ou seja, o cliente final vai pagar mais uma vez a conta.
“Esse crescimento refletiu, em grande medida, a alta importante dos preços de fertilizantes e de máquinas agrícolas (mas o aumento da produção nacional de fertilizantes, defensivos e máquinas agrícolas também impulsionou os resultados)”, diz o Cepea.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil informou que o agronegócio brasileiro atingiu um recorde histórico na receita, totalizando US$ 120,6 bilhões em 2021, crescimento de 19,7%. No mês de dezembro, as exportações somaram US$ 9,9 bilhões, alta de 36,5% ante 2020.
Segundo a confederação, soja em grãos liderou a lista de produtos exportados em dezembro de 2021, com participação de 13,8% e receita de US$ 1,4 bilhão, aumento de 1.211% em relação ao mesmo mês de 2020.
Hoje, a China (21%) continua sendo a principal responsável pelas exportações agrícolas brasileiras, com os Estados Unidos (9,8$%) em segundo lugar. A União Europeia totaliza 16,3% das exportações. O alimento produzido em solo brasileiro já alimenta 1,5 bilhão de pessoas no globo, segundo estimativas.
Pecuária sofre com os preços
Se os preços beneficiam a agricultura por um lado, do lado da pecuária existem motivos para lamentação.
O fraco desempenho teve como principal fator o aumento expressivo dos custos com insumos – contando agroindústria ou agrosserviços. No ano passado enquanto o PIB agrícola disparou 15,88% de 2020 para 2021, o PIB da pecuária recuou 8,95%.
A menor produção de boi gordo, claro, também influenciou de forma negativo no PIB pecuário. A dificuldade de repassar as elevações das matérias-primas para o consumidor final (isso mesmo com o preço da carne e frango em níveis bastante incômodos para o grosso da população) pesou contra o setor. E não podemos esquecer que a pecuária é uma importante empregadora no Brasil. Calcula-se que 1 em cada 3 trabalhadores do país estejam envolvido com esse ramo da economia.
Fonte: https://br.financas.yahoo.com/noticias/agro-e-pib-participacao-do-setor-na-producao-do-brasil-e-a-maior-desde-2004-070020758.html