
A Afya Faculdade de Ciências Médicas de Manacapuru está lançando um projeto-piloto de extensão focado na capacitação de Agentes Comunitários de Saúde (ACS) do município. A iniciativa utiliza a telessaúde para ampliar o alcance e treinar esses profissionais na prevenção e abordagem inicial das complicações do diabetes, condição de alta incidência e graves consequências, como ferimentos e lesões.
O projeto, intitulado “Telessaúde e Educação Comunitária: Modelo Piloto de Monitoramento de Diabetes Tipo 2 no Interior do Amazonas”, será conduzido por alunos do 6º período de Medicina, sob orientação do professor e enfermeiro Railton Miranda.
Objetivo: combater complicações e ampliar a telemedicina
O foco inicial é preparar os ACSs para o acompanhamento e abordagem de pacientes que apresentam ferimentos decorrentes do diabetes, uma das principais causas de amputações no Brasil.
A diretora-geral da Afya de Manacapuru, Karen Ribeiro, destaca o compromisso da instituição com as demandas locais:
“Como maior hub de educação médica do Brasil, nossa missão é interiorizar a Medicina e atuar de forma integrada às demandas locais. Esta iniciativa ilustra como aplicamos metodologias inovadoras na formação de profissionais comprometidos e, ao mesmo tempo, na oferta de respostas efetivas aos desafios da saúde pública no interior do Amazonas.”
Com início previsto para dezembro, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Manacapuru, o projeto ambiciona, a médio prazo, criar um núcleo fixo de telessaúde em cooperação com o poder público, expandindo o alcance da telemedicina e o cuidado contínuo à população do interior amazonense.
Estratégia de capacitação e impacto social
O projeto segue as diretrizes do eixo “Projetos de Intervenção e Extensão na Educação Profissional em Enfermagem e Medicina (Piepe)” da Afya, promovendo a integração entre academia e comunidade.
A estratégia combina teleorientação com ação comunitária, visando:
- Desenvolvimento de Conteúdo: Produção de vídeos educativos e protocolos de atendimento para rastreamento e identificação precoce de feridas diabéticas.
- Capacitação de 30 ACSs: O treinamento será oferecido em ambiente virtual e com recursos off-line (pendrives), contemplando agentes lotados nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
- Comunidades Abrangidas: Bairro Liberdade (sede), Vila Botafogo, Vila Flamengo e Vila Corinthians (comunidades rurais).
A instituição estima que esta fase piloto impactará cerca de 10 mil pessoas no município.
O professor Railton Miranda reforça a importância do ACS como elo na atenção básica:
“Projetos como este são vitais por capacitarem quem está na linha de frente do cuidado. Em comunidades de difícil acesso, o agente comunitário representa a principal ligação com o sistema de saúde. É fundamental que identifiquem precocemente as lesões e iniciem o encaminhamento correto, evitando complicações mais graves, como amputações.”
Prioridade nacional: prevenção do diabetes
O foco na prevenção de complicações do diabetes é uma prioridade de saúde pública.
- No Amazonas, o Programa Pé Diabético da SES-AM realizou mais de 20 mil atendimentos em 2024.
- Em nível nacional, o Ministério da Saúde estima que aproximadamente 70% das amputações estejam relacionadas às complicações da doença.
- O diabetes integra o grupo de doenças crônicas não transmissíveis que mais atingem a população, sendo a sexta principal causa de mortes no Brasil, segundo dados de 2022 da Sociedade Brasileira de Diabetes.
A capacitação dos ACSs se torna ainda mais crítica em áreas remotas onde a presença limitada de enfermeiros e médicos aumenta o risco de agravamento do quadro.
Três Comunicação e Marketing