A Decoração de Natal do Largo São Sebastião

Escritora Dina Arce - Foto: Divulgação

Inaugurou-se, há pouco, a decoração de natal do Largo de São Sebastião. A festa foi linda. Quanta alegria, esperança e fraternidade condensados em um só espaço. Foi algo, absolutamente, muito especial, compartilhado por todos os presentes. O Largo ficou especialmente iluminado, principalmente, pelos olhos e sorrisos que brilharam entusiasmados com o espírito natalino. O Teatro Amazonas parecia abraçar a multidão ansiosa por um alento após período tão difícil para todos.

Aquele cantinho da cidade abrigou a disposição do Amazonense de ser feliz, e revela não ser preciso de muito para transformar qualquer lugar em um espaço melhor para todos. Diariamente, o Largo está tomado. Famílias, amigos, estranhos confraternizam no local e festejam a proximidade da maior celebração cristã e, nem a notícia da nova variante do coronavírus, a ômicron, é capaz de diminuir o público. Por lá, é possível ver pessoas que antes da pandemia nem eram tão chegadas aos festejos natalinos. Ou seja, renderam-se à magia. Isso lembrou-me o famoso conto de Charles Dickens, “Um Conto de Natal”, a história de um velho rico, avarento e rabugento que odiava, entre várias coisas, o Natal.

O personagem principal, o senhor Scrooge era terrível, e ao passear pelo Largo eu lembrava das suas duras palavras no início do conto: “Ora, Feliz Natal! Basta de Natal! O que é o Natal para vocês, senão a época de não ter dinheiro para pagar sequer suas contas? A época de se dar conta de que está um ano mais velho e nem uma hora mais rico…, cada idiota que saísse por aí desejando Feliz Natal deveria ser fervido, misturado ao seu bolo de Natal e enterrado com um galho de pinheirinho no coração, isso sim!”.

Em um determinado Natal, Scrooge recebe a visita de um fantasma, do seu sócio falecido, Marley, que, em vida, agia como Scrooge e, como castigo, vagava no além atormentado. O fantasma vem alertá-lo para ser diferente antes que seja tarde demais.

Continuei o pensamento e refleti que a Covid-19 foi para nós o que o fantasma Marley foi para o Scrooge, uma fatalidade que fez a humanidade repensar o passado, o presente e o futuro. Quem aprendeu alguma coisa com um dos períodos mais obscuros da humanidade, buscará mais interação e união com o próximo e não desistirá de procurar a estrela sagrada que conduziu os reis magos à manjedoura, à esperança. Nesses dias, no Largo de São Sebastião, é possível ver a fé das pessoas renovada e isso é reconfortante.

É bonito de ver o amazonense alegrar-se com coisas simples e deixar aflorar os bons e mais nobres sentimentos, como o amor, o perdão, a solidariedade. E, agora, todos, mais do que nunca, querem demonstrar esses sentimentos. Recuperar o tempo perdido no confinamento.

Em todos os cantos da capital amazonense, vê-se a avidez por viver e aproveitar cada momento, e claro que isso também atormenta os mais pessimistas quando preveem um enfrentamento de uma nova onda da Covid-19. Prefiro ser otimista e mentalizar que boas novas virão e esse vírus perderá a força de aparição. A pandemia acabará de vez e deixará de assombrar-nos, assim como Marley e os três espíritos, que visitaram Scrooge, deram-se por satisfeitos ao verem a sua transformação de um homem mau para uma pessoa disposta a dar e a receber amor, cultivando o espírito natalino por todos os dias do ano.

Escritora Dina Arce

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