O silêncio das telas que pode estar custando caro à infância

Tecnologia cedo demais pode estar mudando o cérebro infantil - Foto: Divulgação

O uso de dispositivos touchscreen por crianças menores de 5 anos deixou de ser uma tendência para se tornar uma realidade onipresente em nossos lares. Se por um lado a tecnologia oferece janelas para o aprendizado lúdico, por outro, o “silêncio” proporcionado por um tablet pode esconder riscos silenciosos ao desenvolvimento neurológico e motor.

A realidade dos dados e o impacto no desenvolvimento

Estudos publicados agora no final de 2025 revelam que o acesso à internet na primeira infância no Brasil saltou de 11% em 2015 para alarmantes 23% em 2024. O que antes era uma exceção, hoje é parte da rotina de quase um quarto das crianças brasileiras abaixo dos 6 anos.

O grande ponto de discórdia não é a tecnologia em si, mas a substituição. Quando uma criança de 3 anos passa duas horas em frente a uma tela, ela deixa de exercitar a motricidade fina com blocos de montar, deixa de interpretar expressões faciais em interações humanas e, principalmente, deixa de aprender a lidar com o tédio. A “chupeta digital”, como muitos especialistas chamam, pode estar atrofiando a capacidade de autorregulação emocional das novas gerações.

Fatos e diretrizes atualizadas para 2025

Para navegar nesse cenário sem extremismos, é preciso observar o que dizem os órgãos de saúde:

Até 2 anos: A recomendação permanece sendo zero telas. O cérebro nesta fase precisa de estímulos tridimensionais e sensoriais que o mundo digital, por mais interativo que seja, não consegue replicar.

De 2 a 5 anos: O limite aceitável é de no máximo 1 hora por dia, sempre com supervisão ativa. Não basta “dar o celular”, é preciso interagir sobre o que está sendo visto.

  • Desenvolvimento da fala: Dados recentes indicam que o uso passivo de telas (apenas assistir) está diretamente ligado a atrasos na aquisição da linguagem, enquanto o uso mediado por pais pode, em doses mínimas, auxiliar no vocabulário.

O caminho do meio: mediação e consciência

Não podemos ignorar que vivemos em um mundo digital. O segredo não parece ser a proibição absoluta — que muitas vezes se torna impraticável para famílias modernas — mas sim a curadoria. Optar por conteúdos educativos, evitar o uso de telas durante as refeições e desligar dispositivos pelo menos duas horas antes de dormir são medidas urgentes.

Proteger a infância hoje não significa desconectar as crianças do futuro, mas garantir que elas tenham uma base sólida no mundo real para que, quando crescerem, saibam usar o digital como ferramenta, e não como muleta emocional.

Fonte: https://weco.org.br/p/uso-de-dispositivos-touchscreen-criancas-menores-de-5-anos

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.