Créditos condominiais: Como atuar de forma estratégica e sair do vermelho

Por Ricardo Chalfin (*)

A inadimplência condominial sempre representou um grande desafio para os gestores e se tornou um problema nacional. Este cenário exige uma gestão moderna, com soluções inovadoras, para preservar o equilíbrio financeiro de prédios e conjuntos residenciais. Hoje, em um contexto econômico cada vez mais volátil, muitos condomínios operam com margens apertadas e recorrem a medidas emergenciais para fechar o caixa. Esse modelo, no entanto, é insustentável no longo prazo, pois os gestores estão sempre “apagando incêndios”.

Infelizmente, é um problema crônico. Para se ter uma ideia, dados do Secovi-RJ junto ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) revelam que, entre janeiro e agosto de 2024, houve quase 10 mil ações condominiais, sendo 89,9% relacionadas a despesas. Já na Paraíba, o Secovi-PB registrou uma taxa de inadimplência de 13,86% em julho de 2025, gerando um prejuízo anual estimado em R$ 7 bilhões e comprometendo serviços básicos como limpeza, segurança e manutenção. Em São Paulo, o Secovi-SP reportou 869 ações judiciais por falta de pagamento em janeiro de 2025, e no Rio Grande do Sul, o Secovi-RS registrou uma média de 16,52% de inadimplência em agosto de 2024.

Diante desses dados preocupantes, urge a necessidade de adotar uma abordagem estratégica e tecnológica. Hoje, existem fintechs especializadas em crédito e gestão condominial que têm transformado a forma como síndicos e administradoras lidam com o problema. Elas oferecem soluções como antecipação de receitas, conciliação automática, score de risco e plataformas digitais de negociação. Além disso, essas ferramentas permitem recuperar capital de forma rápida e previsível, sem depender apenas do aumento de taxas ou de ações judiciais demoradas.

Porém, é preciso ir muito além da tecnologia: a educação financeira dos condôminos é um pilar essencial. Implementar e incentivar programas que orientam sobre o impacto coletivo da inadimplência, juntamente com incentivos como descontos por adimplência pontual, são medidas que reduzem atrasos e fortalecem a cultura de corresponsabilidade. Políticas de comunicação ativa, com avisos personalizados e canais digitais de negociação, são estratégias simples que já elevaram significativamente os índices de pagamento no prazo.

Outro ponto importante é a revisão na forma de cobrança. Muitas vezes, não é necessário ajuizar ações ou protestar dívidas. Existem plataformas digitais que conciliam dados, histórico de pagamento e perfil de comportamento, o que permite negociar antes do conflito e recuperar o crédito com menos desgaste, sem a necessidade de vias extrajudiciais ou judiciais.

O futuro do setor condominial passa necessariamente pela integração entre inovação e gestão inteligente. Quando há a união entre governança transparente, tecnologia financeira e análise de dados, os condomínios deixam de reagir a crises e passam a antecipá-las. Em um país onde mais de 25 milhões de brasileiros vivem em condomínios, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o equilíbrio financeiro dessas comunidades é também uma questão de sustentabilidade urbana. É justamente nesse ponto que as startups do ecossistema de inovação e as administradoras inovadoras têm o poder de transformar a inadimplência em oportunidade e o vermelho em azul. E você, está preparado para a nova era?

 (*) é CEO e fundador da Wind Capital, empresa especializada em soluções de crédito condominial.

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