EUA de um lado, China do outro: o conflito que vai além da fronteira

Foto: Reprodução IA

Os recentes combates ao longo da fronteira de 800 quilômetros entre a Tailândia e o Camboja evidenciam o confronto entre dois exércitos com capacidades, números e históricos profundamente distintos.

Bangkok e Phnom Penh disputam esse território desde que a fronteira foi traçada pela França, há mais de um século. O conflito atual coloca a Tailândia, uma aliada histórica dos Estados Unidos, contra as forças armadas mais jovens do Camboja, que mantém laços estreitos com a China.

Abaixo, apresentamos uma análise detalhada das forças em jogo.

Os números favorecem a Tailândia

A Tailândia possui uma vantagem significativa sobre o vizinho Camboja, tanto em pessoal quanto em equipamento militar. Essa disparidade reflete a diferença econômica e demográfica: a Tailândia tem quatro vezes mais habitantes e um PIB dez vezes maior que o do Camboja.

  • Efetivo: A Tailândia conta com 361.000 militares na ativa, um número três vezes superior ao do exército cambojano.
  • Ranking regional: O Lowy Institute classifica a Tailândia em 14º lugar em capacidade militar entre 27 nações da região, enquanto o Camboja ocupa a 23º posição.
  • Classificação de poder: No Índice de Poder da Ásia, a Tailândia é considerada uma “potência média” (10º lugar), à frente de países como Vietnã e Malásia. O Camboja é classificado como uma “potência menor”.
  • Histórico: Ao contrário de vizinhos como Camboja, Laos e Vietnã, a Tailândia escapou das guerras devastadoras do século 20 e do colonialismo europeu, permitindo um desenvolvimento militar mais contínuo.

Tailândia: laços com os EUA e visão global

O exército tailandês, ator central na política do reino com um histórico de intervenções governamentais, mantém uma aliança estratégica profunda com os Estados Unidos.

  • Aliança histórica: A parceria remonta ao Tratado de Defesa Coletiva do Sudeste Asiático de 1954. Durante a Guerra do Vietnã, a Tailândia hospedou bases aéreas dos EUA.
  • Status atual: Classificada como uma “grande aliada extra-Otan”, a Tailândia tem acesso privilegiado a programas de armas norte-americanos.
  • Exercícios conjuntos: O país sedia o “Cobra Gold”, o exercício militar internacional mais antigo do mundo, realizado em conjunto com os EUA desde 1982.
  • Neutralidade estratégica: Apesar dos laços com Washington, na última década a Tailândia buscou uma postura mais neutra, aumentando relações com a China e desenvolvendo uma indústria doméstica de armas com apoio de países como Israel, Coreia do Sul e Suécia.

O apoio chinês ao Camboja

O exército do Camboja é relativamente jovem, estabelecido em 1993, e depende fortemente de apoio externo, especialmente da China, para sua modernização.

  • Dependência de Pequim: A China emergiu como fornecedor chave de defesa. Pequim desenvolveu a Base Naval de Ream no Golfo da Tailândia, capaz de hospedar porta-aviões chineses.
  • Parceria inabalável: Os dois países realizam o exercício militar “Golden Dragon”. Autoridades chinesas descrevem a relação como uma “amizade inabalável”.
  • Abertura para os EUA: Recentemente, pode haver uma abertura para suprimentos militares norte-americanos, após o governo Trump levantar um embargo de armas ao país em novembro, seguindo um novo acordo comercial.

Comparativo de armamentos

A diferença tecnológica entre os dois países é marcante, especialmente no poder aéreo e blindados.

  • Força aérea: A Tailândia possui uma frota bem equipada com caças modernos suecos Gripen e jatos F-16 dos EUA. O Camboja não possui uma força aérea com capacidade de combate significativa.
  • Tanques: A Tailândia opera tanques modernos VT-4 (chineses) e centenas de modelos norte-americanos. O Camboja conta com cerca de 200 tanques antigos de fabricação chinesa e soviética.
  • Artilharia: O exército tailandês possui mais de 600 peças de artilharia, incluindo armas poderosas de 155 mm. O Camboja tem apenas uma dúzia de canhões desse calibre.
  • Helicópteros: A Tailândia utiliza helicópteros de ataque Cobra e transporte Black Hawk dos EUA, enquanto o Camboja depende de modelos mais antigos soviéticos e chineses.

Análise tática: o que vem a seguir

Segundo Carl Schuster, ex-diretor de operações do Comando do Pacífico dos EUA, embora a Tailândia tenha a vantagem numérica e tecnológica, o terreno pode favorecer o Camboja.

  • Vantagem do terreno: A geografia local facilita o acesso cambojano à área disputada.
  • Táticas de guerrilha: As forças cambojanas estariam utilizando minas terrestres e armadilhas na região.
  • Estratégia tailandesa: Devido às armadilhas no solo, espera-se que a Tailândia utilize sua superioridade aérea e artilharia de longo alcance para evitar o combate direto em terreno minado.

Fonte: https://noticias.r7.com/internacional/conflito-entre-tailandia-e-camboja-coloca-aliado-dos-eua-contra-um-adversario-com-lacos-com-a-china-10122025/

DEIXE SEU COMENTÁRIO

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.