
O município de Iranduba, localizado a pouco mais de 38 quilômetros de Manaus, enfrenta uma crise ambiental sem precedentes. A Prefeitura local tem sido alvo de cobranças intensas da população, que exige o cumprimento das promessas feitas durante a campanha que reelegeu Augusto Ferraz em 2024. Com mais de 1.800 dias à frente do Executivo, o prefeito ainda não implementou os projetos ambientais prometidos.
As pendências incluem desde ações governamentais internas, como o fortalecimento da Secretaria de Meio Ambiente, a elaboração de planos de educação ambiental e a revisão da Legislação Ambiental Municipal, até atividades práticas de impacto direto no cotidiano, como a criação de pontos de entrega voluntária de resíduos recicláveis e a arborização urbana.
“Precisamos de um prefeito que se importe com o futuro de Iranduba e não apenas com votos e promessas na época da campanha eleitoral. Quem mora aqui conhece o abandono e a ausência de qualquer projeto sustentável. O pouco que existe é feito pelos próprios moradores, por conta própria”, alertou Maria José do Carmo, moradora da região central da cidade.
Lixão segue aberto

A ausência de políticas públicas municipais é evidente em um dos temas mais sensíveis para a população: o lixão a céu aberto próximo ao quilômetro 6 da rodovia AM-070. O local continua recebendo, diariamente, toneladas de resíduos sem qualquer tratamento, colocando em risco a fauna, a flora e a saúde das comunidades vizinhas.
Apenas sobre este tema, o prefeito Augusto Ferraz fez pelo menos seis promessas durante a última campanha que sequer têm previsão de sair do papel. O destaque era a “erradicação do lixão a céu aberto existente e reaproveitamento da área para projetos ambientais”, conforme descrito em seu programa de governo.
“Votei no prefeito porque ele era a favor da implantação de um aterro sanitário decente em Iranduba, que acabaria de vez com esse problema. Mas, depois de reeleito e sem motivo, ele mudou de opinião. No final das contas, quem continua sofrendo somos nós que moramos nas proximidades da lixeira, convivendo com mau cheiro, ratos, urubus e doenças, enquanto a parte mais rica segue vivendo tranquila”, desabafou uma moradora da comunidade São Sebastião, onde o lixão está localizado. Ela pediu para não ser identificada por temer represálias.
Além da promessa de erradicar o lixão, Ferraz garantiu em palanques a criação de coleta seletiva de resíduos sólidos e rurais, pontos de entrega voluntária para resíduos perigosos e recicláveis, além da instalação de usinas de tratamento e compostagem. Nada foi concretizado.
Belezas cênicas
Conhecida por seus balneários e hotéis de selva, Iranduba corre o risco de ter sua economia afetada pela negligência ambiental. A falta de ações concretas pode afastar turistas e investidores que buscam destinos com imagem sustentável na Amazônia.
Ironicamente, o plano de governo de Ferraz previa a criação de parques municipais “para a conservação e preservação dos recursos ambientais e das belezas cênicas para contemplação e lazer”. O projeto, contudo, permanece inexistente.
“O turista que vem aqui ou tem muito dinheiro para ir aos hotéis de selva, ou vai para a beira do rio, onde estão os negócios de quem manda na cidade, como em Paricatuba. Tudo é maquiado para dar a impressão de preservação. O turista não anda nos bairros e comunidades para ver a realidade amazônica que não aparece na internet”, criticou o comerciante Rafael Rocha.
A utopia ambiental vendida por Ferraz incluía ainda um viveiro para mudas, um Plano de Fiscalização e Monitoramento Ambiental com geoprocessamento e a implantação de energia solar em prédios públicos. Assim como o fim do lixão, nenhum destes projetos apresenta previsão de recursos ou vontade política para se tornar realidade.
Press Comunicação Estratégica











