Senado em modo guerra: resistência a Messias vira recado direto ao Planalto

Senador saiu em defesa do presidente do Senado. Moro é do mesmo partido de Alcolumbre e faz oposição ao governo federal

Senador Sergio Moro – Foto: VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto

A crise política entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o governo Lula escalou após a divulgação da nota de crítica do senador no domingo (30/11), ganhando novos contornos com a ameaça de derrota da indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF). O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) reforçou o apoio à autonomia do Senado.

Alcolumbre ignora Messias

O presidente do Senado tem mantido uma postura de total resistência à indicação de Jorge Messias, demonstrando que o atrito vai além da frustração pela escolha do ex-senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga do STF.

  • Rejeição Pessoal: Jorge Messias tem feito um “beija-mão” nos gabinetes do Senado para buscar apoio, mas Alcolumbre ainda se recusa a recebê-lo pessoalmente ou atender seus telefonemas.
  • Nota Fria: Quando Messias divulgou uma nota pública elogiando Alcolumbre, o presidente do Senado respondeu com um texto que sequer citava o nome do indicado, mantendo o clima de ruptura.
  • Ameaça de Rejeição: Segundo aliados, Alcolumbre estaria contando votos no plenário e teria sinalizado a possibilidade de obter até 60 votos para rejeitar a indicação. A rejeição de um nome para o STF pelo Senado, embora prevista na Constituição, é um fato raro na história republicana.
  • Tática de Sabatina: O presidente do Senado agendou a sabatina de Messias na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para 10 de dezembro. Alcolumbre defende que este é um prazo “acelerado” e coerente com casos anteriores, o que é visto por analistas como uma tática para dar menos tempo ao indicado para articular seu apoio entre os senadores.

Governo tenta pacificação 

Diante da resistência, o governo e o próprio indicado intensificaram os movimentos para tentar desarmar a crise antes da data marcada para a sabatina.

  • Reunião de Cúpula: O presidente Lula planeja se reunir com Alcolumbre até esta segunda-feira (1º) e considera entregar pessoalmente a mensagem de indicação de Messias, numa tentativa de gesto de pacificação e respeito institucional.
  • Rebate a Fisiologismo: A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), negou insinuações de que o governo estaria tentando resolver a crise com a oferta de cargos e emendas (o chamado fisiologismo), reforçando que a relação deve ser pautada pelo respeito institucional.
  • Apoio Evangélico: Messias, que é membro da Igreja Batista, está mobilizando lideranças evangélicas para buscar apoio junto à bancada no Senado, um segmento que o Planalto espera conquistar com esta indicação.
  • Relator Favorável: O senador Weverton Rocha (PDT-MA), relator da indicação na CCJ, declarou que dará parecer favorável a Messias, minimizando a resistência.

A pauta-bomba como aviso

A irritação de Alcolumbre com a escolha de Messias também se manifestou em ações legislativas de impacto fiscal. Horas após a indicação, o presidente do Senado colocou em votação uma pauta-bomba, como a que regulamenta aposentadoria especial para agentes de saúde, que pode gerar um ônus de bilhões de reais aos cofres públicos, num claro aviso ao Planalto.

A decisão de Alcolumbre de manter a sabatina no calendário e as ameaças de rejeição indicam que o custo político da aprovação de Jorge Messias será elevado para o governo Lula.

Fonte: https://www.metropoles.com/brasil/moro-reage-apos-alcolumbre-criticar-demora-de-lula-sobre-messias

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