
A automedicação com colírios e pomadas oftálmicas é um hábito comum, mas pode trazer sérios riscos à saúde dos olhos. Diante de sintomas aparentemente simples, como coceira, ardência, vermelhidão ou sensação de areia nos olhos, muitos recorrem a “poucas gotinhas” sem orientação profissional. No entanto, o uso indevido desses produtos pode agravar o problema, causar dependência e até mascarar doenças mais graves, como glaucoma e catarata.
Segundo o Conselho Regional de Farmácia do Rio de Janeiro (CRF-RJ), grande parte das complicações oculares relacionadas a medicamentos é resultado do uso incorreto de colírios. Isso ocorre tanto por automedicação quanto pelo desconhecimento das diferenças entre os tipos existentes. Dentre eles, lubrificantes, vasoconstritores (contração de vasos sanguíneos), antibióticos e corticoides. Cada um tem uma indicação específica, e usá-los de forma aleatória é um erro comum.
“O farmacêutico está apto a orientar o paciente com sintomas leves e a indicar o colírio mais adequado, sempre com base no histórico relatado. Mas, se os sintomas persistirem ou piorarem, é fundamental o encaminhamento ao oftalmologista”, alerta a farmacêutica Jéssica Cardeal, da rede Santo Remédio.
Danos e contaminações
O uso prolongado ou inadequado de colírios com corticoides ou vasoconstritores pode provocar aumento da pressão intraocular, o que leva ao glaucoma, além de favorecer o desenvolvimento precoce da catarata. Também há riscos de danos à córnea, irritações persistentes e até dependência química ocular — situação em que o paciente sente necessidade contínua de usar o produto para manter a aparência “branca” dos olhos ou aliviar o desconforto.
“Quando utilizados de forma errada, esses colírios podem causar sintomas como vermelhidão contínua, dor, visão turva e sensibilidade à luz. É nesses momentos que o farmacêutico pode ajudar a identificar o problema e orientar sobre a necessidade de buscar um médico”, explica Jéssica.
Além dos efeitos colaterais, há outro perigo pouco lembrado: a contaminação do produto. Após aberto, um frasco de colírio costuma ter validade de apenas 30 dias. O contato com o ar, mãos ou olhos pode tornar o líquido um vetor de infecções.
“É importante orientar os pacientes sobre a validade após a abertura. O ideal é fechar bem o frasco e evitar encostar a ponta em qualquer superfície, incluindo o olho ou os dedos”, ressalta a farmacêutica.
Usar o produto incorreto também pode agravar o quadro. Um colírio indicado para alergia, por exemplo, não tem o mesmo efeito de um destinado ao tratamento de glaucoma. Segundo Jéssica, “o uso errado pode não apenas ser ineficaz, mas prejudicial, acelerando o avanço de uma doença que poderia ser controlada”.
Por mais simples que um sintoma pareça, qualquer intervenção nos olhos exige cuidado. Evitar a automedicação, seguir a orientação farmacêutica dentro dos limites da sua atuação e procurar um especialista quando necessário são atitudes que preservam a saúde ocular e previnem sequelas irreversíveis.
Repercussão Assessoria











