Câncer infantil explode e especialistas apontam falhas no diagnóstico

Foto: Divulgação

O câncer infantojuvenil, apesar de ser raro, é a principal causa de morte por doença entre crianças e adolescentes no Brasil. Na região Norte, o cenário é alarmante, com cerca de 650 novos casos por ano e uma taxa bruta de 99,6 casos por milhão de jovens de 0 a 19 anos, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Para o oncologista Dr. Peter Silva, da Oncológica do Brasil, o maior obstáculo para a cura não é a raridade da doença (que representa de 1% a 3% dos tumores malignos), mas sim a demora no diagnóstico causada pela confusão de sintomas.

A confusão dos sintomas: a principal barreira para o diagnóstico

O Dr. Peter Silva explica que o problema reside na ideia equivocada de que “câncer não acontece em crianças”. Os sintomas iniciais são frequentemente confundidos com doenças comuns da infância, o que atrasa a busca por atendimento especializado.

“Os sintomas iniciais são muito parecidos com os de infecções comuns: febre, dor nas pernas, cansaço, palidez. Por isso, muitas famílias demoram a desconfiar. A criança não consegue expressar bem o que sente e o tumor avança em silêncio. Quando chegamos a um diagnóstico tardio, perdemos chances preciosas de cura”, destaca o especialista.

O diagnóstico precoce é fundamental, pois, embora o câncer infantojuvenil seja mais agressivo, ele é também mais responsivo ao tratamento quando iniciado rapidamente.

Câncer em crianças versus câncer em adultos

O câncer infantojuvenil e o câncer adulto possuem naturezas e comportamentos distintos.

  • Causa principal: Enquanto o câncer em adultos está muitas vezes ligado a fatores de risco como tabagismo, álcool ou exposição ambiental, nas crianças ele costuma surgir por alterações genéticas espontâneas ou síndromes hereditárias.
  • Comportamento: O câncer infantojuvenil tende a ser mais agressivo.
  • Resposta ao tratamento: O câncer infantojuvenil é mais responsivo ao tratamento, desde que iniciado rapidamente.

“Criança não é adulto pequeno. Os tumores infantis têm comportamento biológico diferente, crescem rápido e exigem tratamento imediato em centros especializados”, explica o Dr. Peter Silva.

Os tipos mais comuns

De acordo com os Registros Hospitalares de Câncer (RHC/INCA), os tumores mais diagnosticados em crianças e adolescentes são:

  • Leucemias: especialmente a Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA).
  • Tumores do sistema nervoso central.
  • Linfomas.
  • Tumores sólidos, como neuroblastoma e tumor de Wilms (rim).

Sinais de alerta: o que os pais devem investigar

A chave é a persistência dos sintomas. O Dr. Peter Silva orienta que os pais procurem investigação médica quando os sinais abaixo durarem mais de alguns dias ou semanas:

  • Febre prolongada sem causa definida.
  • Palidez, hematomas ou sangramentos frequentes.
  • Dor óssea ou articular persistente.
  • Aumento de gânglios (ínguas) rígidos e indolores.
  • Dor de cabeça intensa acompanhada de vômitos.
  • Perda de peso ou falta de crescimento.
  • Cansaço extremo e inexplicável.

Tratamento e a desigualdade no Norte

O tratamento envolve quimioterapia, cirurgia, radioterapia, transplante de medula e terapias modernas. No entanto, o Dr. Peter Silva aponta que a região Norte enfrenta uma desigualdade no acesso:

“A ciência avançou muito. Hoje temos terapias mais precisas e protocolos modernos. O problema não é falta de tratamento, é chegar ao tratamento no tempo certo”, afirma o oncologista.

Dados do RHC indicam que mais da metade das crianças no Norte inicia o tratamento com quimioterapia, mas muitos pacientes enfrentam demora no acesso ou a necessidade de deslocamento para outras capitais, o que impacta diretamente a chance de cura.

Assessoria de comunicação: Erike Ortteip (0002100/AM) – Oncológica do Brasil

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