
A família de Clezão, detido preventivamente sob acusação de envolvimento nos atos de 8 de janeiro, busca respostas após sua morte na Penitenciária da Papuda. O preso faleceu sem ter sido julgado, mesmo com um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) favorável à sua soltura.
Pedidos de liberdade e saúde delicada foram ignorados
Clezão estava preso preventivamente, e sua defesa e família afirmam que não havia quaisquer provas de sua participação nos protestos. A despeito disso, seus pedidos de liberdade foram ignorados:
- Parecer da PGR: Em setembro, dois meses antes da morte, a Procuradoria-Geral da República (PGR) emitiu um parecer que opinava pela liberdade.
- Inação do relator: O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, jamais analisou tanto o parecer da PGR quanto os insistentes pedidos da defesa.
- Saúde em risco: O estado de saúde de Clezão era delicado e foi comunicado ao ministro por meio de diversos laudos. Enquanto preso, ele emagreceu 20 quilos, comia pouco e chegou a usar cadeira de rodas.
Morte na Papuda e a dor da família

Clezão teve um mal súbito durante o banho de sol. A unidade prisional não tinha equipamentos médicos capazes de atendê-lo, conforme relatório da Defensoria Pública do Distrito Federal, e o resgate médico levou cerca de 40 minutos para chegar.
A viúva, Edjane Duarte da Cunha, cobra uma resposta do Estado e descreve a situação como um “crime” devido à inércia judicial:
“A gente não tem resposta de nada, mas eu creio na justiça de Deus. Foi um crime porque a PGR deu parecer favorável à soltura do meu esposo e não tinha nada contra ele, ele não cometeu crime algum.”
Edjane lamenta que, sem a resposta do Estado, “é como se Clezão tivesse cometido o crime, tivesse pago por aquilo que ele não cometeu.” A família, da qual ele era o arrimo, sofre com a injustiça e a ausência do pai.











