Economia desacelera: IBC-Br mostra retração de 0,89% no terceiro trimestre

Atividade perde força com queda na agropecuária e juros em alta

Foto: Divulgação/Flickr/Banco Central do Brasil

A economia brasileira registrou um recuo de 0,89% no terceiro trimestre de 2025, de acordo com o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) divulgado pelo Banco Central (BC). O indicador, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), sinaliza uma desaceleração no ritmo da economia.

No recorte mensal, o índice também apresentou queda, recuando 0,24% em setembro e fechando o mês em 108,4 pontos, abaixo dos 108,6 pontos registrados em agosto.

Setores em queda e o impacto dos juros

O desempenho negativo no terceiro trimestre marca uma reversão após o pico de atividade alcançado em abril (110,3 pontos). A desaceleração foi puxada principalmente pela queda em três setores:

  • Agropecuária: registrou a maior retração, com queda de 4,5%.
  • Indústria: teve uma baixa de 1%.
  • Serviços: encolheu 0,3%, contribuindo para a performance negativa geral.

Especialistas indicam que a política monetária tem efeito direto nesse desaquecimento. A taxa básica de juros (Selic), mantida em 15% ao ano — o maior patamar desde 2006 —, encarece o crédito e, consequentemente, desacelera o consumo, impactando a produção e os investimentos. Essa é uma consequência comum da estratégia do BC de tentar conter a inflação.

Desempenho regional: o peso do recuo setorial

Embora o IBC-Br não seja divulgado por estado ou região, a forte retração nos três principais setores permite inferir o impacto desigual do resultado nacional nas diferentes regiões do país:

  • Centro-Oeste: Esta é a região mais dependente da agropecuária. A queda de 4,5% neste setor é um indicativo de que o Centro-Oeste, historicamente um motor de crescimento, deve ter sofrido um impacto significativo, podendo ter tido um dos piores desempenhos regionais no período.
  • Sudeste e Sul: Estas regiões concentram o maior peso da indústria e dos serviços. A retração nestes dois setores, causada pela alta taxa de juros que freia o consumo e o investimento, sugere um desempenho fraco ou negativo, afetando as grandes capitais e os parques fabris.
  • Norte e Nordeste: Com economias mais voltadas para o serviço e menos expostas à forte queda da agropecuária de commodities, estas regiões tendem a sentir menos o impacto. Contudo, a queda de 0,3% em serviços ainda limita o crescimento e reflete a desaceleração geral do país.

Ritmo mais lento, mas com avanço no acumulado

Apesar da queda trimestral, o BC destaca que a atividade econômica mantém um crescimento de 3% no acumulado em 12 meses. O resultado de setembro, embora negativo na comparação com agosto, ainda supera em 2% o nível registrado no mesmo mês de 2024.

O IBC-Br é calculado com base em dados semelhantes aos utilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e é frequentemente utilizado para antecipar a tendência do PIB. O dado oficial mais recente do PIB, referente ao segundo trimestre, mostrou alta de 0,4%, enquanto o IBC-Br havia apontado um crescimento de 0,28% no mesmo período.

Fonte: https://revistaoeste.com/economia/banco-central-pib-recua-0-9-no-3-trimestre-de-2025/

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