
Por Juscelino Taketomi
Em podcast, no Youtube, o ex-deputado federal, escritor e ex-ministro Aldo Rebelo denuncia, de forma contundente, os entraves ao desenvolvimento brasileiro, especialmente na região amazônica. Segundo ele, o Brasil está “bloqueado” por uma complexa rede de instituições, organizações não governamentais e uma arquitetura burocrática que impede o progresso econômico, a construção de infraestrutura e a exploração de riquezas naturais.
Rebelo argumenta que esse bloqueio não é acidental, mas resultado de uma agenda geopolítica orquestrada por interesses externos. Conforme ele, as ONGs não são apenas movimentos de militância, mas funcionam como “braço da competitividade dos países europeus em relação à agricultura brasileira”, financiadas por fundações americanas como Ford, Rockefeller e Soros, que patrocinam pesquisas e “alugam mentes assalariadas”.
Um dos pontos mais enfatizados por Aldo é a contradição entre o discurso de proteção ambiental e a realidade socioeconômica da Amazônia. A região, apesar de ser o centro das atenções ambientalistas mundiais, apresenta os piores indicadores sociais do Brasil: os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs), as maiores taxas de mortalidade infantil, os índices mais altos de analfabetismo e grave falta de saneamento básico e acesso à luz elétrica.
Rebelo cita o exemplo emblemático de Uiramutã, em Roraima, município que lidera a taxa de analfabetismo no Brasil e possui a maior população indígena do país. Para ele, isso demonstra que as ONGs “não protegem nada” e deixam as populações “passando fome, sem água, sem luz elétrica, sem escola, sem infraestrutura”.
O ex-ministro questiona o futuro de 600 mil jovens amazônidas que frequentam universidades ou escolas técnicas, mas não terão atividade econômica para exercer. O bloqueio impede a construção de rodovias, ferrovias, hidrovias, hidrelétricas, indústrias e a exploração de recursos minerais, condenando essas populações ao assistencialismo permanente através de programas como o Bolsa Família.
Infraestrutura paralisada
A situação da infraestrutura amazônica revela números alarmantes. Rebelo destaca que Altamira, no Pará, possui uma área de 159.000 km², onde pessoas percorrem distâncias de 1.140 km dentro da mesma municipalidade, sem estradas adequadas. Enquanto a China construiu 50.000 km de ferrovias de alta velocidade em apenas 15 anos, o Brasil não consegue concluir a Ferrogrão, de apenas 930 km.
O caso mais emblemático é a Transacriana, projeto ferroviário no Acre concebido em 1906 que, após mais de um século, permanece com zero quilômetros construídos, bloqueado pelo Ministério do Meio Ambiente e ONGs. Essa paralisia institucional, na opinião de Rebelo, demonstra como o país sabota seu próprio desenvolvimento.
Um dos temas centrais da argumentação de Aldo é a necessidade urgente de exploração do petróleo na Margem Equatorial para garantir a segurança energética brasileira.
Ele critica veementemente o argumento de que haveria risco à foz do Rio Amazonas, destacando que o poço experimental está localizado a 510 km de distância, comparando a situação a alegar que Fernando de Noronha estaria na foz dos rios Potengi ou Capibaribe.
O ex-ministro lamenta que, apesar do apoio do presidente da República, do ministro de Minas e Energia, da presidente da Petrobras e dos governadores e congressistas do Pará, Maranhão e Amapá, a decisão final acaba nas mãos de um presidente do IBAMA que nem é técnico em meio ambiente e está sob forte influência das ONGs que atuam dentro do órgão.
Terras raras, tesouro do Brasil

Um dos pontos mais relevantes e estratégicos levantados por Aldo Rebelo diz respeito ao imenso potencial brasileiro em terras raras, que ele classifica como “imobilizado e desperdiçado”.
As terras raras são elementos químicos necessários às tecnologias de ponta, desde smartphones e computadores até turbinas eólicas, veículos elétricos, sistemas de defesa e equipamentos médicos avançados. Seu controle representa poder geopolítico no século XXI.
Oficialmente, o Brasil já possui a segunda maior reserva mundial de terras raras, com 22 milhões de toneladas, superado apenas pela China, que detém 80 milhões de toneladas. Os Estados Unidos, em comparação, possuem menos de 10% das reservas brasileiras, com apenas 1,9 milhão de toneladas.
No entanto, o potencial real do Brasil pode ser exponencialmente superior. Registros do Ministério de Minas e Energia apontam que o país poderia projetar até 30 bilhões de toneladas de terras raras, um volume que transformaria completamente o panorama geopolítico global desses recursos estratégicos.
Um divisor de águas
Aldo Rebelo destaca uma descoberta revolucionária em Caracaraí, Roraima, onde foram encontrados depósitos com teor de terras raras 200% superior aos teores conhecidos mundialmente. A descoberta, realizada por pesquisadores de Roraima, sugere que o Brasil pode, na verdade, deter a primeira reserva mundial de terras raras, não a segunda.
Essa riqueza mineral representa uma oportunidade estratégica única para o Brasil se posicionar como protagonista global no fornecimento de elementos essenciais para a transição energética e a revolução tecnológica do século XXI.
As terras raras são fundamentais para a produção de ímãs permanentes de alta potência, baterias avançadas, catalisadores, cerâmicas especiais e uma infinidade de aplicações tecnológicas de ponta.
Apesar desse potencial estratégico extraordinário, Rebelo denuncia uma “hostilização ao desenvolvimento” que impede a exploração de tais riquezas. Mesmo com pesquisadores brasileiros tendo realizado as descobertas, existe uma narrativa que tenta inviabilizar a exploração das terras raras, alegando que afetaria populações indígenas.
Para o ex-ministro, essa postura revela a contradição central da agenda ambientalista atual: enquanto o mundo avança rapidamente na exploração e uso de terras raras para tecnologias “verdes” e digitais, o Brasil é impedido de explorar suas próprias reservas, mantendo-se dependente e condenando sua população à pobreza.
Ocupação do Estado brasileiro
Rebelo faz uma denúncia grave sobre a estrutura de poder no Brasil, afirmando que o Ministério do Meio Ambiente já foi comandado por um “comitê de 50 ONGs” e que o Ministério Público e a grande imprensa também estão sob influência ou controle de matérias e teses produzidas por essas organizações.
Essa ocupação não seria apenas ideológica, mas também financeira, econômica, científica e tecnológica. O ex-ministro argumenta que fundações estrangeiras financiam pesquisas que produzem teses visando bloquear o desenvolvimento brasileiro, como a proposta de transformar o país em uma “reserva de crédito de carbono do mundo”.
Aldo critica duramente a abordagem atual sobre a Amazônia, definindo-a como uma agenda de “faz de conta” e “lacração”, focada exclusivamente no clima enquanto ignora a relevante agenda do desenvolvimento.
Ele questiona o uso estratégico do Fundo Amazônia, que detém bilhões em recursos públicos, mas não os destina a projetos como saneamento básico e tratamento de lixo, que seriam fundamentais para proteger os rios da região.
Em vez disso, o ex-ministro sustenta que esses recursos acabam direcionados a projetos de ONGs que favorecem uma agenda excludente, que não socorre as prefeituras da região e perpetua a maior concentração de pobreza do país.
Propostas para o desbloqueio
Para reverter esse cenário, Aldo Rebelo propõe medidas drásticas, como retirar as ONGs da estrutura do Estado brasileiro, afastando ativistas que ocupam cargos estratégicos em ministérios como Meio Ambiente e Populações Indígenas, pois o ativismo deve ocorrer fora do governo.
Propõe também que o poder de paralisar o país seja retirado do Ministério Público, e o poder de criar unidades de conservação (IBAMA) ou demarcar terras indígenas (FUNAI) seja transferido ao Congresso Nacional.
Aldo defende que estados e federações devem processar imediatamente as ONGs, buscando indenizações por calúnia e desinformação, seguindo o exemplo do Greenpeace, condenado nos Estados Unidos em mais de 600 milhões de dólares.
O Brasil, afirma ele, precisa de um choque de investimento privado, removendo os riscos regulatórios e descriminalizando o investidor, que hoje é tratado como criminoso pelo Ministério Público e IBAMA.
Aliados, nunca inimigos
Um dos argumentos centrais de Rebelo é que o desenvolvimento é um aliado do meio ambiente, não seu inimigo. Para ele, o desenvolvimento geralmente significa mais recursos para melhorar as condições ambientais.
Regiões desenvolvidas têm capacidade de investir em saneamento, tratamento de resíduos, tecnologias limpas e preservação ambiental. A pobreza, ao contrário, é inimiga do meio ambiente.
Apesar do cenário crítico que descreve, Aldo se mostra otimista. Ele rejeita a ideia de que o problema seja uma “metástase incurável”, definindo-o como uma “doença de pele que pode ser combatida”.
O ex-ministro expressa confiança no que chama de “Brasil profundo”, composto por trabalhadores, empreendedores e famílias que ainda acreditam no desenvolvimento, na esperança e no crescimento.
Visão alternativa
As posições de Aldo Rebelo representam uma visão alternativa e polêmica sobre o desenvolvimento brasileiro e amazônico. Sua crítica às ONGs, à burocracia ambiental e ao que considera uma agenda externa para manter o Brasil subdesenvolvido têm provocado fortes debates sobre os caminhos do país nas redes sociais.
A questão das terras raras, em particular, revela uma dimensão estratégica frequentemente negligenciada no debate público.
Com reservas que podem chegar a 30 bilhões de toneladas e descobertas revolucionárias como a de Caracaraí, o Brasil detém um trunfo geopolítico de primeira grandeza, cuja exploração poderia transformar a economia nacional e regional, especialmente na Amazônia.
O desafio, como diz Rebelo, é romper com o que ele chama de “bloqueio criminoso” e construir um modelo que concilie desenvolvimento econômico, soberania nacional e melhoria real das condições de vida das populações amazônicas, que hoje exibem os piores indicadores sociais do país.
Nessa visão, a verdadeira proteção da Amazônia passa indubitavelmente pelo desenvolvimento de sua população e pela exploração responsável de suas riquezas.











