
O presidente boliviano Rodrigo Paz, de centro-direita, tomou posse em La Paz, marcando o fim de duas décadas de governos de esquerda liderados pelo Movimento ao Socialismo (MAS) de Evo Morales (2006-2019) e seu sucessor, Luis Arce. A cerimônia de posse contou com a presença de mais de 70 delegações internacionais, incluindo líderes como o subsecretário de Estado americano, Christopher Landau, e os presidentes Gabriel Boric (Chile) e Javier Milei (Argentina).
Mudança de rumo na política externa
Em seu discurso de posse, Paz, de 58 anos, filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993), prometeu encerrar o isolamento internacional do país e se abrir ao capital estrangeiro e às nações ocidentais.
“Nunca mais uma Bolívia isolada, submetida a ideologias fracassadas, e muito menos uma Bolívia de costas para o mundo”, declarou o novo mandatário.
Como um de seus primeiros atos, Paz anunciou o restabelecimento das relações diplomáticas de alto nível com os Estados Unidos, que estavam interrompidas desde 2008, quando Evo Morales expulsou o enviado americano em meio a acusações de complô da direita. O restabelecimento será em nível de embaixadores, o que o representante americano considerou “algo muito incomum não termos embaixadores em nossas capitais”.
A eleição de Paz, economista e ex-senador, representa uma guinada significativa no país que, sob a liderança do MAS, pendeu fortemente para a esquerda, com a nacionalização de recursos energéticos e alianças com países como Venezuela, Cuba, China, Rússia e Irã.
Diretrizes de governo e desafios econômicos
Paz herda um país em grave crise econômica, marcada pela escassez de dólares e combustíveis, e uma inflação acumulada de 19% em 12 meses até outubro. O governo cessante de Luis Arce esgotou as reservas de divisas para manter uma política de subsídios universais.
Assumindo a presidência pelo Partido Democrata Cristão (PDC), Paz delineou as seguintes diretrizes para reverter o cenário:
- Economia: Lançar um programa de “capitalismo para todos”, focado na formalização da economia, na atração de investimentos, na redução de entraves burocráticos e na diminuição de impostos. Ele prometeu reduzir em mais da metade os subsídios aos combustíveis.
- Inovação e Meio Ambiente: Prometeu um “governo da inovação, da ciência, da tecnologia e do futuro verde,” garantindo que “o desenvolvimento econômico caminhará de mãos dadas com o respeito ao meio ambiente.”
- Comércio: Abrir a economia, atrair investimentos, reduzir tarifas para bens não fabricados no país e modernizar os sistemas energético e digital.
Apesar de a Bolívia ter vivido um boom econômico impulsionado pela exportação de gás na década anterior, a queda dessas receitas tornou insustentável a manutenção das políticas assistencialistas.











