O fundador da Microsoft e filantropo Bill Gates divulgou um novo memorando, onde criticou o que chamou de “alarmismo” sobre as mudanças climáticas. Gates defendeu uma reorientação do debate global, sugerindo que os esforços se concentrem em adaptação, saúde e combate à pobreza, em vez da perseguição exclusiva a metas de redução de emissões.
A mensagem, que antecedeu a conferência COP30 em Belém (PA), reflete uma mudança na postura de Gates. O empresário afirmou que o aquecimento global “não levará à extinção da humanidade” e que a “obsessão com metas de temperatura”, como o limite de 1,5 °C, “tem desviado recursos das iniciativas que realmente melhoram vidas” nos países mais vulneráveis.
O novo foco da agenda climática
Apesar de manter investimentos robustos em energia limpa, biotecnologia agrícola e reatores nucleares (por meio da TerraPower e da Breakthrough Energy), Gates defende que o sucesso da agenda climática deve ser medido pelo impacto humano direto.
Ele ressaltou que, para ele, os problemas mais urgentes no mundo continuam sendo:
“Os maiores problemas continuam sendo pobreza e doença, como sempre foram.”
A sua proposta é que os recursos sejam focados em soluções que proporcionem bem-estar humano e resiliência às populações mais afetadas pelo calor e pela seca.
Reações e estratégias por trás da mudança
A nova postura de Bill Gates, que antes era um dos principais alertadores sobre o risco climático, gerou diversas reações:
- Crítica de Falsa Dicotomia: O professor Michael Oppenheimer, de Princeton, considerou que Gates cria uma “falsa dicotomia”, alertando que a fala pode ser explorada por grupos negacionistas do clima.
- Otimismo Pragmático: Outros analistas, como David Callahan (editor da Inside Philanthropy), avaliaram que Gates busca substituir o pessimismo climático por um otimismo pragmático, baseado na ideia de que narrativas catastróficas geram paralisia social.
- Contexto Político: Analistas nos Estados Unidos veem o movimento como uma possível estratégia política para manter o diálogo com governos e investidores, em um momento de avanço do ceticismo climático no Congresso.
Impacto na COP30 e o futuro do debate
As declarações de Gates ganham peso às vésperas da COP30, a conferência da ONU que reúne líderes mundiais em Belém do Pará.
- Influência no Debate: Diplomatas avaliam que a posição de Gates pode influenciar o tom dos debates sobre financiamento climático e a prioridade entre a mitigação (redução de emissões) e a adaptação (preparação para os impactos do clima).
- Pragmatismo e Cooperação: Em um contexto do “ano mais quente da história”, a defesa de Gates por pragmatismo e cooperação tecnológica pode redefinir prioridades nas negociações multilaterais, buscando políticas mais tangíveis em países em desenvolvimento.
- Alerta dos Críticos: Contudo, há o alerta de que suavizar a narrativa sobre o risco climático pode reduzir a urgência política das ações globais, e a tensão entre o realismo proposto por Gates e a necessidade de mobilização deve dominar a pauta da COP30.
Fonte: https://economicnewsbrasil.com.br/2025/10/29/bill-gates-critica-alarmismo-sobre-o-clima/
Presta atenção!
A recente guinada de Bill Gates, ao criticar o “alarmismo” climático e sugerir o foco em adaptação, saúde e pobreza, injeta um pragmatismo necessário no debate. Ao desvincular a urgência climática da retórica apocalíptica, Gates tenta reorientar a conversa para soluções que impactam diretamente a vida das pessoas, especialmente nos países em desenvolvimento.
É inegável que o combate à pobreza e o avanço da saúde são as defesas mais eficazes contra os choques climáticos. No entanto, o risco desta nova postura é real: ao suavizar o alerta máximo, Gates corre o risco de minar a urgência política para a mitigação (redução de emissões).
