
Uma megaoperação policial, batizada de Contenção, foi realizada na manhã desta terça-feira, 28 de outubro, nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. O objetivo principal era cumprir mandados contra membros da facção criminosa Comando Vermelho (CV) e desarticular seu plano de expansão territorial.
A ação resultou em um confronto intenso que deixou um saldo trágico de 64 mortes, incluindo quatro policiais e 60 suspeitos.
Resumo e balanço da operação
A operação mobilizou um grande aparato de segurança e resultou nos seguintes números:
- Mortos: 64 no total, sendo 4 policiais e 60 suspeitos abatidos em confronto.
- Feridos: 12 feridos, incluindo 8 agentes de segurança (3 policiais civis e 5 militares) e 4 moradores (um homem em situação de rua e outros três, todos em estado estável).
- Prisões: 81 pessoas foram presas.
- Apreensões: 75 fuzis foram apreendidos. As investigações indicaram que 30 desses fuzis vieram de outros Estados, parte do projeto de expansão do CV.
- Efetivo: A ação contou com 2.500 agentes das polícias Civil e Militar, além de promotores do GAECO (MPRJ), dois helicópteros, 32 blindados terrestres e 12 veículos de demolição.
O confronto e a resposta do crime organizado
O cenário de confronto foi classificado pelas autoridades como próximo ao de guerra, após mais de um ano de investigações que identificaram os complexos como bases estratégicas do CV.
- Baixas Policiais: Entre os agentes mortos estão Marcos Vinicius Cardoso Carvalho (Policial Civil da 53ª DP) e um agente da 39ª DP, além de dois policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
- Táticas Criminosas: O Comando Vermelho utilizou táticas avançadas, como o uso de drones para lançar explosivos (granadas) contra as equipes do CORE e do Bope. Essa estratégia indica um avanço no arsenal do crime organizado para ataque e reconhecimento.
- Fugas e Bloqueios: Criminosos foram vistos fugindo por áreas de mata. Ônibus foram usados como barricadas, e barricadas foram incendiadas para dificultar o acesso das forças policiais.
- Prisões de Lideranças: Foram capturados Edgard Alves de Andrade, conhecido como Doca (operador financeiro do CV), e Thiago do Nascimento Mendes, o Belão do Quitungo (ligado ao alto escalão).
Cenário estratégico e posição do Governo
Os complexos do Alemão e da Penha são apontados como centros de comando do CV, onde as decisões estratégicas da facção são tomadas. O MPRJ destacou a Penha como uma das principais bases para o plano de expansão rumo à zona sudoeste carioca, especialmente Jacarepaguá.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, comentou a operação, classificando-a como uma “operação de Estado de Defesa” e afirmou que ela “tem muito pouco a ver com Segurança Pública” em seu sentido estrito. O governador defendeu que a polícia continuará nas ruas até a normalização da situação.
Impacto social e serviços públicos
A megaoperação teve um impacto significativo na rotina da Zona Norte:
- Educação: 46 escolas municipais tiveram o funcionamento afetado. Universidades como UFRJ, UERJ e UFF suspenderam as atividades, e a Fundação Oswaldo Cruz encerrou o expediente mais cedo.
- Saúde: Cinco unidades de Atenção Primária adiaram a abertura, com apenas uma clínica da família mantendo o atendimento sem atividades externas.
- Transporte público: O sindicato Rio Ônibus informou que seis coletivos foram usados como barricadas. Vinte linhas de ônibus tiveram seus itinerários alterados em regiões como Penha, Engenho da Rainha, Alemão e Chapadão para garantir a segurança dos passageiros.
- Legislativo: A sessão plenária do Legislativo Municipal foi suspensa.











