
Com a proximidade do Dia de Finados (2 de novembro), a data dedicada às homenagens e lembranças traz à tona não apenas o afeto, mas também antigos tabus e crenças populares que ainda cercam o universo da morte e dos rituais de despedida no Brasil.
Para Roberto Toledo, diretor do Grupo Zelo, o momento é ideal para promover uma reflexão mais realista e leve sobre o tema, desfazendo mitos que vão desde o medo de cemitérios a equívocos sobre a cremação.
“Ainda existem muitas crenças que distorcem a visão sobre a morte e os rituais de despedida. Falar sobre o assunto com naturalidade é uma forma de quebrar tabus e transformar o Dia de Finados em um momento de memória e celebração da vida”, afirma Toledo.
A transformação do setor funerário
O setor que lida com a finitude passou por uma modernização significativa nos últimos anos, focada em tornar as despedidas mais humanas, tecnológicas e sustentáveis:
- Personalização e Acolhimento: As cerimônias se tornaram mais acolhedoras e personalizadas, refletindo a história de vida e as paixões de quem partiu.
- Tecnologia a Serviço da Despedida: O uso de transmissões online (live streamings) e plataformas de homenagens virtuais se popularizou, permitindo que familiares e amigos participem mesmo à distância.
- Sustentabilidade: Há uma busca crescente por soluções ecológicas, como o uso de insumos menos agressivos ao meio ambiente, o aumento de cemitérios verticais e a criação de diamantes a partir de cinzas. O aprimoramento das práticas de destinação de resíduos e técnicas de preservação do corpo mais seguras e sustentáveis também são destaques.
- Olhar Humano: A influência crescente da psicologia do luto tem ajudado a tornar todo o processo mais humano, respeitoso e focado no acolhimento da família.
10 mitos e verdades desvendados
A persistência de mitos dificulta o diálogo sobre a morte. Roberto Toledo desvenda as 10 crenças mais comuns:
- Mito: “Todos os cemitérios são iguais.”
- Realidade: Cada espaço tem características próprias, tradições regionais e formas diferentes de acolher as famílias. Há desde cemitérios verticais até jardins-memoriais, que unem natureza e arte.
- Mito: “Planejar o próprio funeral atrai a morte.”
- Realidade: Essa é uma superstição comum. Refletir sobre o tema é, na verdade, um gesto de maturidade e cuidado com quem ficará, evitando que a família precise lidar com burocracia e custos em um momento de dor.
- Mito: “A cremação é cara e proibida pela religião.”
- Realidade: O custo depende da localidade e das opções de serviço. A Igreja Católica permite a cremação desde 1963, e outras religiões, como o Hinduísmo e o Budismo, a adotam como ritual central.
- Mito: “As cinzas da cremação contêm flores e pedaços do caixão.”
- Realidade: O forno crematório atinge temperaturas que consomem por completo madeira, tecidos e flores. O que resta são fragmentos ósseos processados até se tornarem cinzas.
- Mito: “As cinzas são misturadas com as de outras pessoas.”
- Realidade: O processo é individual e segue protocolos de identificação rigorosos. Cada cremação é acompanhada por sistemas de rastreio que garantem total segurança.
- Mito: “Os cemitérios reutilizam urnas.”
- Realidade: A prática é ilegal. As urnas são de uso único, e o descarte segue regras ambientais e sanitárias específicas.
- Mito: “É proibido realizar velórios à noite.”
- Realidade: Não existe lei federal que proíba. Alguns locais limitam o horário apenas por motivos de segurança e logística.
- Mito: “Pisar na terra do cemitério traz doença.”
- Realidade: Cemitérios modernos seguem padrões sanitários rígidos. Técnicas como a tanatopraxia, que preserva o corpo, garantem segurança e conforto aos visitantes.
- Mito: “É possível enterrar em qualquer lugar.”
- Realidade: O sepultamento (inumação) só pode ocorrer em locais legalmente autorizados (cemitérios), preparados para o manejo adequado dos corpos e resíduos.
- Mito: “Falar sobre a morte atrai coisas ruins.”
- Realidade: Falar sobre o tema ajuda a encarar a finitude de forma mais natural, tornando o luto mais saudável e permitindo que a pessoa valorize a vida presente. “Quanto mais natural for o diálogo, mais preparados estaremos para viver o luto de forma saudável”, diz Toledo.
Ressignificando o dia de finados
Para o especialista, Finados não deve ser um dia de tristeza, mas de celebração e afeto.
“Após o período mais doloroso do luto, manter viva a memória de quem partiu é uma das formas mais puras de amor. Plantar uma árvore, acender uma vela, reunir a família ou visitar o local de descanso são gestos que reforçam esse vínculo e ressignificam a data”, conclui Toledo.
GLOSSÁRIO: entenda os termos da despedida
- Cinzas: Resultado da cremação após o processamento dos fragmentos ósseos.
- Cinerário: Espaço coletivo (jardim ou ossário) em cemitérios ou locais de culto para receber as cinzas.
- Columbário: Estrutura com nichos (lóculos) para guardar as urnas cinerárias de forma individual.
- Cremação: Processo de redução do corpo a cinzas por meio da incineração.
- Exumação: Retirada legal e técnica dos restos mortais de um jazigo.
- Inumação: Termo técnico para o sepultamento tradicional.
- Jazigo: Espaço destinado ao sepultamento em cemitérios, que pode ser individual, familiar ou coletivo.
- Lápide: Placa de identificação colocada sobre o túmulo ou jazigo.
- Plano Funerário: Serviço contratado antecipadamente que garante cobertura de custos e assistência completa no momento do falecimento.
- Tanatopraxia: Procedimento técnico que preserva o corpo por um período maior para o velório.
- Traslado: Transporte do corpo entre cidades, estados ou países, conforme normas legais.
- Urna Funerária: Recipiente que acondiciona o corpo após o falecimento (popularmente chamado de “caixão”).
- Velório: Cerimônia de despedida que antecede o sepultamento ou cremação, cada vez mais personalizada.
Assessoria de comunicação: Dariane Araújo











