
O governo interino do Peru declarou estado de emergência na capital, Lima, e na vizinha cidade portuária de Callao, a partir da madrugada desta quarta-feira (22), em uma tentativa de conter a crescente onda de violência e extorsões atribuídas ao crime organizado.
A medida, que tem validade de 30 dias, afeta a rotina de pelo menos 10 milhões de pessoas e representa a primeira ação de grande envergadura do governo recém-empossado.
Implicações da medida de emergência
Com o estado de emergência em vigor, o governo, liderado pelo presidente interino José Jerí, adquire poderes especiais para enfrentar a criminalidade:
- Mobilização Militar: As Forças Armadas poderão ser destacadas para realizar patrulhamento ostensivo nas ruas e colaborar com a Polícia Nacional na manutenção da ordem.
- Restrições de Direitos: Direitos constitucionais, como a liberdade de reunião e a inviolabilidade de domicílio, podem ser restritos pelas autoridades.
- Restrição de Motos: Uma das medidas específicas proíbe que duas pessoas utilizem a mesma motocicleta, modalidade frequentemente utilizada por assassinos de aluguel e pelo crime organizado.
A “ofensiva” contra a delinquência
O presidente José Jerí justificou a decisão em uma mensagem à nação, prometendo uma mudança de postura na segurança pública.
“Compatriotas, a delinquência cresceu de maneira desmesurada nos últimos anos, causando enorme dor a milhares de famílias e também prejudicando o progresso do país. Mas isso acabou. Hoje, começamos a mudar a história na luta contra a insegurança no Peru. Passamos da defensiva para a ofensiva na luta contra o crime”, declarou Jerí.
Contexto da crise de segurança
A medida emergencial é uma resposta direta à grave crise de segurança que o Peru enfrenta desde 2024, que se tornou a principal preocupação da população e motivou recentes turbulências políticas:
- Extorsão Descontrolada: O número de denúncias de extorsão disparou, passando de 2.396 em 2023 para mais de 000 em 2024. Lima é a cidade com maior incidência, registrando 20.705 denúncias entre janeiro e setembro, um aumento de 28,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
- Instabilidade Política: A crescente insegurança pública foi um fator crucial que levou à destituição da então presidente, Dina Boluarte, pelo Congresso no dia 10 de outubro.
- Protestos Recentes: A violência urbana gerou protestos maciços em 15 de outubro contra a insegurança, o Congresso e o governo recém-instalado, resultando em fortes enfrentamentos, com um morto e mais de 100 feridos.
Vale lembrar que a capital peruana já esteve parcialmente sob estado de emergência entre março e julho, após o assassinato de um popular cantor de cúmbia.











