A cantora e compositora Angela Ro Ro morreu na manhã desta segunda-feira (8), aos 75 anos, no Hospital Silvestre, no Rio de Janeiro. Ela estava internada desde junho devido a uma grave infecção pulmonar e, nas últimas semanas, seu estado de saúde se agravou com uma nova infecção. Segundo o jornal O Globo, Angela sofreu uma parada cardíaca após um procedimento cirúrgico. Com uma voz marcante e um estilo único que misturava blues, samba-canção, bolero e rock, ela se consolidou como uma das artistas mais autênticas da música popular brasileira.
Trajetória e carreira
Nascida no Rio de Janeiro em 1949 como Angela Maria Diniz Gonsalves, ela recebeu o apelido Ro Ro na infância, por causa de sua voz rouca. Nos anos 1970, foi para a Europa e, em Londres, conheceu o cineasta Glauber Rocha, que a apresentou a Caetano Veloso. Ela participou do álbum “Transa” (1974), tocando gaita na faixa “Nostalgia”.
De volta ao Brasil, na segunda metade dos anos 1970, ela começou a participar de festivais, mas resistiu em se lançar como cantora profissional. Em 1979, lançou seu primeiro disco, “Angela Ro Ro”, que foi um sucesso imediato com as canções “Amor, Meu Grande Amor”, “Tola Foi Você” e “Não Há Cabeça”.
- Década de 80: Em 1980, lançou seu segundo álbum, que incluía o sucesso “Só nos Resta Viver”. No ano seguinte, após uma briga pública com a cantora Zizi Possi, lançou o álbum “Escândalo”, com a faixa homônima composta por Caetano Veloso para ela. O título a associou à polêmica, o que muitas vezes prejudicou sua carreira. Em 1983, consolidou-se como compositora quando Maria Bethânia gravou sua canção “Fogueira”, que se tornou um grande sucesso.
- Anos 90 em diante: Ro Ro continuou a gravar nas décadas de 1980 e 1990. No final dos anos 90, após a morte dos pais, ela emagreceu 40 quilos e superou a obesidade e o vício em álcool, voltando a fazer sucesso com a canção “Compasso”. Em 2017, lançou o álbum “Selvagem”.
Em 2023, foi convidada por Caetano Veloso para participar do show de comemoração do álbum “Transa”, e também para cantar no Coala Festival, em São Paulo, mas cancelou sua participação por problemas de saúde.
Em 2024, lançou seus últimos trabalhos: os singles autorais “Cadê o Samba?” e “Planos do Céu”. No primeiro semestre de 2025, ela pediu ajuda nas redes sociais, afirmando estar doente e sem dinheiro.
Em uma entrevista, Angela Ro Ro revelou que foi agredida cinco vezes nos anos 1970 e 1980 por homofobia, o que a fez perder a visão do olho esquerdo. Ela acusou agentes de segurança pública do Rio de Janeiro.
Angela Ro Ro faleceu como uma personagem de seu próprio escândalo de vida e talento: uma mulher gay que ousou falar de amor em uma sociedade preconceituosa.
Fonte: https://jovempan.com.br/entretenimento/musica/morre-a-cantora-angela-ro-ro-aos-75-anos.html
