União, Sabedoria e Interesse Nacional: o que realmente está em jogo

“E a hora é agora. SUFRAMA, a propósito, nunca teve uma interlocução tão transparente e colaborativa com o setor produtivo, voltada à expansão, diversificação e interiorização do desenvolvimento regional.”

Por Nelson Azevedo (*)

O momento que vivemos exige mais do que nunca uma convergência de propósitos, talentos e maturidade institucional. A polarização política — tão desgastante quanto improdutiva — precisa ser posta de lado diante dos desafios que nos convocam. É tempo de responsabilidade e sabedoria.

O interesse nacional

A leitura atenta da realidade e os critérios de decisão devem ser referenciados pelo que há de mais sagrado na missão pública: o interesse nacional. Esse interesse se materializa na segurança econômica da sociedade, no respeito às instituições e na sustentação jurídica do setor produtivo — que garante abastecimento, empregos e estabilidade.

Polarizar ou fulanizar é insensato

Não é hora de confrontos ou improvisos. Os interesses particulares devem estar submetidos, sempre, ao bem-estar da sociedade. É hora de clareza, estratégia e escuta. E é nesse contexto que uma boa notícia merece ser interpretada como símbolo de algo maior.

Adensamento e reindustrialização

Nesta quinta-feira (24), durante o programa “Nos Microfones”, da EBC, o ministro das Comunicações, Frederico Siqueira, anunciou que o governo federal vai concentrar na Zona Franca de Manaus a produção de equipamentos para redes 5G e novas tecnologias de TV. O que isso significa num momento de tanta tensão e mobilização?

Soberania e tecnologia

À primeira vista, poderia parecer uma medida rotineira. Mas não é. O gesto carrega uma decisão estratégica e um reconhecimento implícito: a Zona Franca de Manaus é um dos mais eficazes instrumentos de industrialização, inclusão produtiva e soberania tecnológica do Brasil.

Redução de custos e reconhecimento

Segundo o ministro, a produção local reduz custos para o mercado interno e fortalece a indústria nacional. É exatamente disso que o país precisa — especialmente quando ameaças tarifárias externas ressurgem em meio a novas guerras comerciais.

Plataforma geopolítica

Mais do que um polo de incentivos, Manaus representa uma plataforma geopolítica para o futuro da indústria brasileira. A maioria dos aparelhos 5G e televisores vendidos hoje no Brasil é importada da China, Coreia do Sul e Estados Unidos.

Política pública de inclusão

Fabricar esses equipamentos no país — e, sobretudo, na Amazônia — permite não apenas cortar tarifas e custos logísticos, mas principalmente ampliar a nossa soberania tecnológica e garantir que a conectividade seja uma política pública de inclusão social, e não apenas de mercado.

Geração de empregos e riqueza

Além disso, o anúncio vem em um momento particularmente simbólico. A Zona Franca tem batido recordes em geração de empregos, arrecadação e indução econômica, mesmo sob os efeitos de eventos extremos como as grandes vazantes.

E a hora é agora

A SUFRAMA, a propósito, nunca teve uma interlocução tão transparente e colaborativa com o setor produtivo, voltada à expansão, diversificação e interiorização do desenvolvimento regional.

O que está em jogo não é apenas a fabricação de antenas ou televisores.

O que mais importa

Em termos de interesse nacional, é preciosa a afirmação de um modelo que funciona, que respeita o bioma, que integra ciência e indústria, que financia universidades e institutos de pesquisa, que gera empregos legais onde antes só havia informalidade ou abandono.

Que essa decisão se consolide como política de Estado. E que sirva de referência para novas ações em áreas como microeletrônica, saúde, defesa, conectividade e economia verde. E mais: chegou a hora, também, de priorizar a infraestrutura logística de transportes para, em vez de perder o bonde da história, construir ferrovias, hidrovias e recuperar nossas rodovias.

A construção do protagonismo

A Amazônia pode — e deve — ser protagonista da reindustrialização do Brasil. Mas isso só será possível com união, visão de futuro e compromisso com o interesse coletivo, com a sacralidade do bem comum.

(*) é economista, empresário, presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metal Mecânica e de Materiais Elétricos de Manaus – SIMMMEM, conselheiro da CNI, do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.

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