Governadores criticam Lula e defendem união da direita para 2026

Ronaldo Caiado e Ratinho Junior - Foto: Divulgação

Em um painel na Expert XP que agitou o cenário político, os governadores Ratinho Junior (PSD-PR), Ronaldo Caiado (União-GO) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) teceram duras críticas à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com foco em sua política externa e condução econômica. Os três líderes estaduais, apontados como potenciais candidatos à presidência em 2026, defenderam abertamente reformas, privatizações e a união da direita para o próximo pleito eleitoral.

Conforme o Valor Econômico, as críticas à administração Lula não pouparam a política externa, especialmente a relação com os Estados Unidos. Ratinho Junior demonstrou insatisfação com a postura do governo brasileiro diante da imposição de tarifas de 50% sobre produtos do Brasil por parte do ex-presidente americano Donald Trump, que devem entrar em vigor em 1º de agosto.

“Aqui a gente faz vídeo na internet para brincar com esse assunto. Você não vê um chanceler indo para lá discutir esse assunto”, disparou o governador do Paraná, sugerindo que a inação do governo federal alimenta a insatisfação popular e abre caminho para novas lideranças em 2026. Ele ainda ressaltou que o Brasil possui a “melhor safra de governadores dos últimos 30 anos”, muitos deles com capacidade de representar a esperança da população.

Ronaldo Caiado, governador de Goiás, reforçou a crítica à diplomacia brasileira, alegando que o Itamaraty perdeu seu foco em soluções diplomáticas para adotar uma postura ideológica. “O Lula não quer resolver o problema do tarifaço. Nós, governadores, estamos sofrendo por um erro do governo Lula”, afirmou Caiado. A decisão de Trump de tarifar produtos brasileiros, segundo a carta do americano a Lula, está ligada ao julgamento de Jair Bolsonaro por suposta participação em tentativa de golpe de estado, o que Trump chamou de “caça às bruxas”.

Reformas e Privatizações

Apelidados de “presidenciáveis” pelo mediador do painel, Rafael Furlanetti, os governadores também delinearam suas prioridades caso cheguem ao Palácio do Planalto, com ênfase em concessões e privatizações.

Ratinho Junior destacou a experiência bem-sucedida do Paraná, onde foram realizadas concessões e privatizações, contrariando o discurso de que a iniciativa privada não pode gerenciar serviços públicos. Ele defendeu o enxugamento da máquina pública, exemplificando a redução de quase 50% das secretarias e cargos comissionados, além do fim das aposentadorias para ex-governadores em seu estado.

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, compartilhou sua experiência com a privatização da Sabesp, desafiando a descrença inicial. Ele enfatizou que, além da privatização, foram revisados benefícios tributários que “deixavam dinheiro na mesa, sem trazer emprego”. Para 2026, Tarcísio apontou as reformas orçamentária e administrativa como suas prioridades, demonstrando confiança na capacidade do Congresso em apoiá-las com a liderança adequada.

Unidade da direita

Caiado também direcionou suas críticas à forma como Lula governa, comparando-a com a sua própria gestão em Goiás. “Sou um governador que consulta os meus secretários. O que você está vendo no governo Lula é que, em vez de consultar o ministro da Fazenda, ele escuta seu marqueteiro. É a primeira vez que eu vejo o ministro da Fazenda ser baixo clero”, pontuou.

O governador goiano ainda criticou a possibilidade de reeleição de Lula, afirmando que um mandato deveria ser suficiente para promover as mudanças necessárias no país. “A primeira medida que eu vou tomar [se eleito presidente], eu acho que vai ser extremamente simpática, que é derrotar o Lula”, declarou.

Ao final do painel, os três governadores reafirmaram o compromisso com a união da direita, caso um deles avance para o segundo turno em 2026. “Vocês precisam acreditar em nós. No segundo turno, se Deus quiser, vamos mostrar que a direita pode ser vitoriosa nessa eleição”, disse Caiado. Tarcísio complementou: “Se engana quem pensa que vai ter um racha na direita. Não vai”.

Com a eleição de 2026 já no horizonte, as declarações dos governadores na Expert XP indicam uma articulação precoce da direita, que busca capitalizar a insatisfação com o atual governo e apresentar uma agenda focada em reformas e privatizações. Resta saber como essas propostas serão recebidas pelo eleitorado e qual será o desdobramento da “unidade” defendida pelos líderes estaduais.

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