
Um estudo apoiado pelo Governo do Amazonas, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), investigou a diversidade de morcegos, seus patógenos e parasitas em áreas urbanas, rurais e unidades de conservação dos municípios de Alvarães e Tefé (a 531 e 523 km de Manaus, respectivamente).
A pesquisa, intitulada “Morcegos como reservatório de agentes patogênicos e zoonoses na Amazônia Central”, foi coordenada por Tamily Carvalho Melo dos Santos, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no âmbito do programa Profix-RH da Fapeam. O objetivo principal foi gerar dados sobre a diversidade de morcegos e identificar quais espécies podem ser reservatórios de patógenos como o vírus da raiva e Coronavírus, além de fortalecer medidas preventivas contra zoonoses.
A pesquisadora Tamily Santos enfatiza que, apesar da associação com agentes patogênicos, “os morcegos não são vilões. Eles desempenham papéis ecológicos cruciais”. Ela ressalta que entender a interação desses animais com o ambiente e humanos é fundamental para prevenir futuras crises sanitárias, promovendo um convívio seguro e sustentável.
Metodologia e resultados
Para o levantamento, foram utilizadas redes de neblina e detectores de ultrassom. No total, 1.116 morcegos de 8 famílias, 41 gêneros e 85 espécies foram capturados.
Os testes de raiva e Coronavírus realizados em 727 morcegos apresentaram resultados negativos. Em relação aos parasitas, foram identificadas sete espécies de helmintos, incluindo o primeiro registro no Brasil da espécie Nudacotyle novicia, um verme trematódeo anteriormente encontrado apenas no Equador. Análises moleculares do sangue de 80 morcegos revelaram que 21 estavam infectados com Mycoplasma spp., uma bactéria que pode causar infecções respiratórias, genitais e outras doenças.
Educação ambiental e fomento
Além da pesquisa, foram realizadas atividades de educação ambiental em comunidades da Reserva Mamirauá e em Tefé. Os moradores aprenderam sobre a importância ecológica dos morcegos na manutenção das florestas, seu papel como polinizadores e no controle de insetos.
A coordenadora Tamily Santos destacou a relevância do fomento da Fapeam para a pesquisa. “Além do suporte financeiro, a Fundação contribui diretamente para a disseminação do conhecimento científico, incentivando a inovação e o desenvolvimento sustentável na região amazônica”, afirmou.
O programa Profix-RH da Fapeam visa fixar mestres e doutores em instituições do interior do estado, utilizando a Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) para resolver problemas locais, por meio de bolsas e auxílio financeiro.