Amazonas realiza primeira cirurgia cardíaca do Brasil com telemonitoramento

Hospital Francisca Mendes realiza primeiro procedimento do país com suporte à distância no tratamento de cardiopatias congênitas

Bebê de 1 ano é operada com apoio remoto em Manaus - Foto: Diego Peres / Secom

O Amazonas se tornou o palco da primeira cirurgia cardíaca do Brasil realizada por telemonitoramento, um marco histórico concretizado no Hospital Francisca Mendes, em Manaus. Esta unidade, referência em cardiologia na Região Norte, contou com o apoio de uma plataforma de Telemonitoramento do Ato Cirúrgico (TAC) para o procedimento.

Essa iniciativa representa um grande avanço para a saúde pública, posicionando o Amazonas como um centro modelo na realização de cirurgias cardíacas com suporte técnico à distância. O Hospital Francisca Mendes, agora, integra o seleto grupo de instituições que participam de um projeto do Ministério da Saúde, em parceria com o Hospital do Coração (HCor), por meio do Proadi-SUS.

O governador Wilson Lima destacou a importância do feito: “Isso mostra a força do Sistema Único de Saúde, mostra também as possibilidades que temos em parcerias de levar procedimentos complexos para as regiões mais distantes do país, sobretudo aqui no Amazonas. Nós estamos dando mais um passo importante na evolução tecnológica e de tudo o que tem disponível nesta governança digital para prestar um atendimento de maior qualidade.”

A cirurgia foi realizada com o acompanhamento remoto de especialistas de São Paulo, utilizando um sistema integrado de áudio, vídeo e dados. A plataforma TAC permite que a equipe médica em Manaus receba orientações em tempo real durante todo o procedimento, o que contribui para a qualificação profissional e amplia o acesso a tratamentos complexos, mesmo em regiões distantes dos grandes centros.

O procedimento foi acompanhado virtualmente por diversas autoridades, incluindo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha; Maria Ângela Salem Sallum, presidente da Associação Beneficente Síria; Fernando Torelli, superintendente corporativo do HCor; entre outros profissionais de saúde. Em Manaus, estiveram presentes Carmem Moura, coordenadora da Atenção Especializada do Ministério da Saúde; Nayara Maksoud, secretária de Saúde do Amazonas; Roberta Nascimento, diretora do Hospital Francisca Mendes; e Dr. Silas Avelar, chefe de cirurgia cardíaca do Hospital Francisca Mendes.

A Pequena Paciente Pioneira

A primeira paciente a se beneficiar desse procedimento inovador foi Aysha Isadora de Almeida Gomes, de apenas 1 ano e 3 meses. Nascida prematura, com 32 semanas, Aysha foi diagnosticada com cardiopatia congênita ainda na maternidade. Após 15 dias internada na UTI neonatal, ela foi acompanhada continuamente no Hospital Francisca Mendes até a realização da cirurgia.

Aysha apresentava uma comunicação interventricular perimembranosa com repercussão hemodinâmica. Após exames e discussões clínicas, a correção total do defeito cardíaco foi indicada.

“O procedimento realizado na paciente é uma comunicação entre câmaras do coração. Estamos fechando um orifício que não é para estar mais ali e que só é aberto quando está no útero da mãe. Essa atuação com o HCor vai nos proporcionar um amadurecimento maior, porque o serviço de cirurgia cardiovascular neonatal e pediátrica é um grande desafio”, explicou o Dr. Silas Avelar, chefe de cirurgia cardíaca do Hospital Francisca Mendes.

Projeto

Essa cirurgia integra o projeto de Apoio ao Desenvolvimento de Centros de Atendimento a Cardiopatas Congênitos, uma iniciativa conjunta do HCor e do Ministério da Saúde. O principal objetivo é descentralizar o atendimento, qualificando equipes locais e assegurando a equidade no acesso a procedimentos de alta complexidade. O Amazonas é o único estado da Região Norte a participar dessa fase inicial.

“Foram vários critérios avaliados, dentre eles a estrutura existente, qualificação dos profissionais e iniciativa dos gestores de apoiar esse projeto. Consideramos, principalmente, a importância de trazer uma assistência qualificada para a região Norte”, disse Carmem Moura, coordenadora geral da Atenção Especializada do Ministério da Saúde.

Anualmente, cerca de 29 mil crianças nascem com cardiopatia congênita no Brasil, e aproximadamente 80% delas necessitam de intervenção cirúrgica, sendo que metade precisa ser operada ainda no primeiro ano de vida. Essa iniciativa representa um avanço crucial na ampliação do acesso e no cuidado especializado com esses pequenos pacientes.

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